Local: Centro de Eventos do Ceará
Horário: 17 horas
| Dr. Ronald Teles - Cardiologista |
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| Dr. Ronald Teles - Cardiologista |
ROSAS
Me cerco de flores,
De amores perfeitos,
Que brotam do meu peito,
E digo não ao ódio,
Resguardo- me de tua face crua,
Humores ácidos que escorrem de teu ser,
Destarte o bem que recebeste,
De tantos que te cercaram,
Em dolorosas vertigens,
Da tua carne atormentada,
Supliciada pelo tempo, por agudos momentos,
Diante tudo que te maltratava,
Agora aqui estamos,
Juntos novamente,
Aproveita a inocência e beleza das rosas,
Que se enchem da graça,
Que vem do alto,
Sem quereres de sol ou chuva,
Brilhando todo o dia,
Com pétalas suaves e molhadas,
Pela brisa e gotas lacrimosas,
Felicidade que não demora,
Mas não te diz nada,
Para que então um dia pressintas,
Que necessitas desta mesma graça,
Liberdade para tua alma
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| Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina |
O Tempo das Horas e o Fim dos Mundos
Antigamente, a vida corria no
compasso dos sinos da igreja e do apito do trem. O dia começava com o galo,
terminava quando o sol se escondia, e o mundo parecia imenso e ao mesmo tempo
simples. As conversas aconteciam na calçada, o tempo era medido pelo cheiro do
café coado e pela rotina das estações. O futuro não se apressava — vinha lento,
como chuva anunciada no horizonte.
Hoje, o tempo não cabe mais no
relógio. As horas se dissolvem em telas luminosas, e a vida é contada em
notificações. Conversamos menos com quem está ao lado e mais com quem está a
quilômetros. O mundo, que antes parecia distante, agora cabe no bolso — mas,
paradoxalmente, nunca pareceu tão esmagador. Falamos em progresso, mas nos
perdemos em algoritmos; corremos contra o tempo, mas sempre chegamos atrasados.
E quanto ao fim do mundo? Talvez ele
não venha com trombetas ou fogo dos céus, mas em pequenas doses cotidianas: no
silêncio entre duas pessoas na mesma mesa, na pressa que devora o presente, na
solidão de quem tem mil amigos virtuais e nenhum ombro real. O fim do mundo
pode estar menos no planeta e mais dentro de nós, no instante em que esquecemos
de viver como antes — com a calma de quem sabia esperar, com a simplicidade de
quem reconhecia beleza no pouco.
Cecília Meireles, em sua delicada
sabedoria, já nos lembrava que “a vida só é possível reinventada”. E talvez
seja isso: o fim não é apenas destruição, mas o perigo de não reinventarmos a
própria existência, de nos perdermos no ruído e esquecermos a poesia escondida
nos gestos simples. Quando deixamos de reparar nas flores que nascem sem alarde
ou no silêncio das estrelas, é como se começássemos a escrever, em silêncio, o
nosso próprio apocalipse.
Talvez o mundo não acabe em
explosão, mas em esquecimento. O fim não será um clarão, mas um piscar de
olhos. E, quem sabe, um dia ainda olharemos para trás e veremos que o
verdadeiro fim começou quando deixamos de olhar o céu — esse mesmo céu de
Cecília, sempre aberto, sempre nos lembrando que “o tempo é a minha matéria, o
tempo presente, pessoas presentes, a vida presente”.
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| Dr, Ronald Teles - Cardiologista |
Teu olhar
Vi minha vida nos teus olhos,
Refletida em passos frágeis,
Caminhados e postados,
Às margens de nossos destinos,
Lágrimas escorridas em sussurros,
Pensamentos leves como o vento,
Que assolam em um lamento o passado;
Mas, eis me aqui de novo,
Fitando o sol do teu olhar,
Límpida estrada que me move,
Ao meu interior que tudo pode,
Até mesmo me perdoar,
Quando derramas esta luz dentro de mim,
E recalcitrante ainda erro,
Sabendo que me afasto de ti,
Então me olhas de novo,
E sinto a esperança,
Da paz de uma criança,
Em seu plácido sono,
Sabendo que mais um dia foi vencido,
E antes do sol haver partido,
Habitaste em meu coração