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quarta-feira, 21 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - CORRENDO NA RUA
| Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE |
Publicado no DN , hoje, 18/05/2014
CORRENDO NA RUA
Em Fortaleza, costumo percorrer o calçadão da Beira-Mar caminhando a pé. Tenho, assim, condição de observar aquilo que não perceberia dentro de um automóvel. Numa noite dessas, fiz o mesmo percurso em meu carro, do início ao fim daquela via. Desta forma, observei um cenário diferente daquele meu habitual. Na via pública, à direita e à esquerda dos carros, pessoas corriam de forma descontraída, sob o risco de atropelamento. Face à iluminação inadequada em certos trechos, alguns desses corredores surgiam de repente à minha frente, sendo necessário redobrar os cuidados. O fato causou-me estranheza e preocupação. Afinal, eu, protegida pelo envoltório do carro, disputava o mesmo espaço com pedestres, totalmente vulneráveis. Estariam aqueles corredores ocupando o espaço destinado aos automóveis porque o calçadão não é apropriado para o esporte? Desejariam com aquela atitude demonstrar a todos que a avenida deveria, em certos horários, ser totalmente destinada a corredores, banindo-se o trânsito de veículos? Agiriam daquele modo, por simples imprudência, sem qualquer noção dos riscos a que se encontram expostos? É óbvio ter faltado qualquer planejamento na construção daquela via, estreita e irregular. Uma simples visão de futuro bastaria para a preservação de um espaço bem maior entre a praia e os edifícios. Diante do que aí está, caberá à moderna engenharia encontrar soluções. O que não podemos é fechar os olhos aos esportistas que se expõem a graves acidentes, em uma cidade onde as estatísticas demonstram que em 2012, morreram no trânsito 413 pedestres. De janeiro a agosto de 2013, ocorreram 952 atropelamentos de pedestres. Destes, tivemos 352 vítimas fatais, superando proporcionalmente a estatística do ano anterior. O risco de morte do pedestre atropelado aumenta, conforme a velocidade do veículo que o atinge, porém, esta não é uma regra sem exceções. Mesmo em baixa velocidade, os veículos podem acarretar sérios danos aos esportistas que correm naquela rua. No programa de mobilidade urbana, os pedestres não podem ser esquecidos, propiciando-lhes segurança e comodidade em seu deslocamento.
Celina Côrte Pinheiro
Médica
segunda-feira, 12 de maio de 2014
POR: FÄTIMA AZEVEDO - MÂE
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| Dra. Fätima Azêvedo - Médica e Membro da Sobrames-CE |
MÃEDor infindaAmor sem fimCaminho sem voltaMãe de salto ou de bengalaEm toda e qualquer idadeQuer o bem do próprio filhoSeja ele um bebêOu homem de barba, grisalhoMãe só sabe dar amorCarrega sua dor caladaTransforma a lágrima em risoE da dor tira um sorrisoMãe tão forte e tão frágilÀs vezes mal entendidaTem sexto sentido à postosAdivinha sem botar cartasPrevê sem bola de cristalSente cheiro de sorrisoE também de choro presoMãe, amor infinitoCaminho sem volta
sexta-feira, 9 de maio de 2014
POR: ANA MARGARIDA ROSEMBERG - A NUDEZ DE MARIA ANTONIETA EM DOIS MOMENTOS DE SUA VIDA
| Dra. Ana Margarida Rosemberg - Médica e Segunda Secretâria da Sobrames-CE |
| Réplica da cela onde Maria Antonieta ficou presa na Conciergerie |
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| Pintura da Rainha Maria Antonieta |
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| Maria Antonieta na Conciergerie |
A NUDEZ DE MARIA ANTONIETTA EM DOIS MOMENTOS DE
SUA VIDA*
O dia mal clareara naquela manhã de 16 de
outubro de 1793.
Na pequena mesa ainda queimavam duas velas
iluminando, debilmente, o escuro e fúnebre cárcere da Conciergerie, que durante
os últimos 70 dias abrigara a Rainha da França.
Lá fora,
os tambores rufavam, por toda a cidade de Paris, anunciando mais um espetáculo
da Revolução que logo iria se desenrolar em praça pública.
Rosália, uma camponesa, entrou na
cela com um caldo, trêmula e cheia de piedade. Maria Antonieta após passar a
noite em claro resolveu escrever uma carta para sua cunhada, recomendando os
filhos.
Vencida pelo cansaço, deitou-se na cama com seu
vestido preto de viúva do Rei da França, mas era preciso levantar-se e
despir-se para pôr um vestido branco, pois assim deveria comparecer ao
cadafalso naquela manhã histórica. O carcereiro, que guardava sua cela, tinha
ordem de não se afastar e a Rainha, para esconder sua nudez dos olhos daquele
homem rústico do povo, colocou-se em um pequeno vão entre a parede e a cama e
começou a despir-se. O corpo fenecido pelo tempo e sofrimento já não era o
mesmo da adolescente de 14 anos que outrora, em uma ilha no meio do rio Reno,
ao despir-se, resplandeceu iluminando a antecâmara daquele luxuoso pavilhão e
os olhos do séqüito de nobres austríacos, que acompanhavam a arquiduquesa
naquela suntuosa cerimônia.
Completamente nua e linda, no esplendor de sua
pureza virginal, com seus cabelos de um louro muito claro, seus olhos de um
azul profundo, seu corpo esbelto, delicado e gracioso de adolescente, recebeu a
mais fina seda francesa para cobrir sua nudez e sair dali como Delfina da
França.
Do outro lado do Reno, em uma luxuosa carruagem, o Rei
Louis XV e seu neto, futuro Rei Louis XVI, aguardavam, com ansiedade, a chegada
da Delfina que deixava para sempre o palácio de Schoenbrunn, o convívio alegre
com seus irmãos, suas brincadeiras infantis e o carinho de sua mãe, Maria
Teresa, para seguir o seu destino de Rainha da França.
24
anos depois, Maria Antonietta despia-se novamente.
Agora, naquela triste cela, úmida e escura, da Conciergerie
com sua magnífica arquitetura gótica, porém lúgubre para a prisioneira.
Maria Antonietta não tinha mais o brilho da juventude,
porém seu corpo resplandecia mais uma vez, iluminando o cárcere escuro, com sua
alma purificada pelos sofrimentos enfrentados, com resignação, nos últimos
quatro anos.
Rosália ajudou a pôr o modesto vestido branco de algodão, a
colocar um véu de mussolini no pescoço e a cobrir, com uma touca, os cabelos
completamente brancos, apesar de ter apenas 38 anos.
Seu rosto estava cansado e envelhecido, mas conservava a
misteriosa força magnética de encantar as pessoas.
Maria Antonietta desejava a morte, mas precisava reunir
forças para morrer com dignidade, precisava mostrar aos franceses como morre
uma Habsburgo, filha de Maria Teresa.
Às 10h00min, entrou
o carrasco Sanson para lhe cortar os cabelos e ela, sem a menor reação, deixou
também que lhe amarassem as mãos nas costas com uma corda. Estava decidida a
salvar sua honra e não demonstraria algum sinal de fraqueza.
Lá fora esperavam por ela, uma carroça puxada por um cavalo
e uma multidão de 10 mil pessoas, que se apinhavam para mais um dia de
espetáculo oferecido pela guilhotina, em nome de “liberté, égalité et
fraternité”.
Sentada na dura tábua da carroça, a Rainha da França olhava
firme para frente sem oferecer à curiosidade da multidão um sinal de medo ou de
dor. Parecia nada ver e nada ouvir. Nenhum tremor lhe agitou os lábios, nenhum
estremecimento passou pelo seu corpo. Senhora absoluta de seu destino parecia
ter consciência do momento histórico que vivia.
A carroça parou diante do patíbulo.
Maria Antonietta subiu os degraus do palco de madeira com a
mesma graça e agilidade com que outrora subia as escadarias de mármore do
“Palais de Versailles”.
O silêncio se apossou daquela praça.
Os carrascos pegaram-na pelos ombros e a deitaram sobre o
patíbulo e, acima, a lâmina da guilhotina brilhava de tão afiada.
Uma puxada na corda, um lampejo no cutelo, um golpe surdo e
a imortalidade para Maria Antonietta.
Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg
São Paulo, 2 de novembro de 2004.
*Este
relato se restringe a fixar dois momentos da vida de Maria Antonietta, marcados
com sua nudez. No primeiro, com todo esplendor, ela entrou para vida como
Delfina e futura Rainha da França e no segundo, trágico, despida de sua
realeza, entrou para a História.
quarta-feira, 7 de maio de 2014
segunda-feira, 5 de maio de 2014
sexta-feira, 2 de maio de 2014
POR: JOAO DE CAMPOS AGUIAR FILHO - DR. HERONDINO
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Dr João de Campos Aguiar Filho
Médico Oftalmologista
Ex-docente de Anatomia do CCMB-PUCSP
|
Dr.
Herondino
Texto enviado pelo Dr. William Moffitt Harris
Se
houve alguém que gostasse de etiqueta, bom comportamento social, que mantivesse
a linha mesmo quando todos estivessem fora dela e outras referências conforme
estão no poema “SE” de Rudiyard Kipling, esse foi o Dr. Herondino.
Ainda
estudante, ao participar das patuscadas universitárias, mantinha-se dentro de
limites aceitáveis.
Nada
de dar “pinduras” nas datas festivas conhecidas, ou sequer fugir ao pagamento
das marafonas, quando a masculinidade apelava aos sentimentos juvenis.
Na
festa de formatura, enquanto os colegas lavavam a alma em homérica bebedeira,
Herondino comemorou sobriamente com a família.
Começou a trabalhar no dia seguinte, ou quase,
já que a formatura ocorreu num sábado, prolongando-se na madrugada do domingo.
Bem preparado nos seis anos de Escola, estava pronto para a luta.
A
princípio era “médico do corpo inteiro”, como afirmava ao explicar o exercício
das funções. A pequena clientela obrigava-o a não recusar pacientes. Com poucos
meses de trabalho já conseguiu selecionar, partindo para o tratamento de
crianças.
Exercia
a profissão em tempo parcial, dedicando horas no Hospital de Ensino, melhorando
seus conhecimentos. Não era o tempo das “residências” atuais.
Andava
sempre bem vestido, com camisa de mangas compridas, paletó e gravata, que não
abdicou mesmo quando adotou o traje branco diário.
Não
fumava e não bebia, sequer socialmente. Quando a necessidade de relaxamento
apelava, recolhia-se e aliviava-se com alguns goles. Nada que pudesse
comprometê-lo.
Fez
carreira de sucesso crescente. Casou-se com a namorada dos tempos
pré-universitários. Talvez tivesse cortejado outra mais, além daquela com quem
“convolou” núpcias. Sim, Dr. Herondino não se “amarrou”. Contraiu núpcias ,
como exigia sua maneira de viver.
Foi
muito comentado durante o desempenho da carreira pela dedicação, eficiência e
pontualidade. No Hospital onde praticou medicina, auxiliares acertavam o
relógio pela manhã, quando ele adentrava
rigorosamente no horário marcado. Fez historia.
Com
o passar do tempo dedicou-se fielmente à especialidade para a qual foi
adquirindo enorme conhecimento, quando seus clientes mudavam da faixa etária
condizente, encaminhava-os para colegas.
Só
permitiu-se uma exceção quando os dois clubes de futebol da cidade, com inimigos
figadais de cada lado foram se duelar na partida que definiria o campeonato.
A
disputa era tão acirrada que até os médicos assistentes dos dois clubes
participavam da rivalidade. A atenção
aos traumatizados durante a disputa deveria ser feita por equipe rigorosamente
neutra, evitando brigas no campo. O
único médico da cidade não simpatizante do esporte era o Dr. Herondino, que não
conseguiu escapar ao apelo de todos os colegas, obrigando-o aceitar, pelo menos
durante as horas da partida. O encargo dos primeiros socorros aos caídos no
campo de luta.
Dr.
Herondino adentrou o estádio impecavelmente de branco, incluindo sapatos.
Se tivesse que atender o filho da Rainha da Inglaterra, não precisaria
mudar o traje.
Assim,
ouvindo palavrório do populacho, repleto de expressões vulgares e de calão, o
médico cumpriu suas funções. Foi agraciado com placa comemorativa.
Mantendo
essa linha de postura marcou época.
Quando
houve desfile de beleza para as escolha da “Miss” que representaria a cidade no
certame estadual, foi organizada festa no Clube Campestre, onde se instalou
passarela e tudo mais que constitui o cenário para o evento, além das
acomodações para os julgadores.
Dr.
Herondino foi escolhido para ser jurado, devido ao notório bom gosto e
observador da etiqueta.
Acomodado
em lugar de honra, com os demais colegas juízes, assistiu as fases preliminares
para a classificação das candidatas. Na hora da apresentação em trajes de
banho, as mocinhas desfilaram com peças minúsculas, que mal dariam para
confeccionar uma fralda, se destinadas para tal.
Dr.
Herondino assistiu de perto, com olhar ao alcance de qualquer míope, a passagem
daqueles estonteantes corpos juvenis perfeitos, sem alterar a fisionomia, sem
dar qualquer “dica” de entusiasmo masculino.
Quando
terminou o desfile, ele disse para os organizadores do certame:
– Já as havia visto peladinhas.
Ante
o espanto de todos foi preciso explicar que o reservado Dr. Herondino fora
neo-natologista da maternidade local, onde elas nasceram e examinadas na
primeira hora de vida.
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