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quinta-feira, 22 de maio de 2014

POR: MARTINHO RODRIGUES - ENTRE POEMAS DE QUINTANA

Dr. Martinho Rodrigues - Médico e Membro de SOBRAMES-CE

Martinho Rodrigues
 ENTRE POEMAS DO QUINTANA

Pudéssemos sair nós dois, sozinhos...
( como um casal recém-enamorado )
mãos dadas, percorrendo outros caminhos
( com o mesmo encantamento do passado! )

Deixando a lua-nova boquiaberta,
recolheria estrelas, uma a uma,
pondo-as a teus pés. Pois, de forma alguma
irias recusar tamanha oferta !

Em meio à procissão de seresteiros,
que vagabundos e poeta irmana,
enamorando a lua nos outeiros...

Eis que ao romper o dia, de repente,
diríamos poemas do Quintana!...
despertando a inveja em muita gente.

Martinho Rodrigues ( do livro A Poética do Afeto)

Sábado, 24 de maio, no Clube do Médico, 17h,
lançamento do MANHÃS DE SÁBADO.
Espero todos os meus amigos!!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

CONVITE LANCAMENTO LIVRO - MARTINHO RODRIGUES


Lançamento  do livro  "Manhãs de Sábado" escrito pelo  sobramista Dr. Martinho Rodrigues, no dia 24/05/14 (sábado),às 17h, no Clube do Médico.

Aguardamos vocês!

Celina Côrte Pinheiro
Presidente da Sobrames-CE

domingo, 18 de maio de 2014

POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - CORRENDO NA RUA

Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE
Publicado no DN , hoje, 18/05/2014
CORRENDO NA RUA
Em Fortaleza, costumo percorrer o calçadão da Beira-Mar caminhando a pé. Tenho, assim, condição de observar aquilo que não perceberia dentro de um automóvel. Numa noite dessas, fiz o mesmo percurso em meu carro, do início ao fim daquela via. Desta forma, observei um cenário diferente daquele meu habitual. Na via pública, à direita e à esquerda dos carros, pessoas corriam de forma descontraída, sob o risco de atropelamento. Face à iluminação inadequada em certos trechos, alguns desses corredores surgiam de repente à minha frente, sendo necessário redobrar os cuidados. O fato causou-me estranheza e preocupação. Afinal, eu, protegida pelo envoltório do carro, disputava o mesmo espaço com pedestres, totalmente vulneráveis. Estariam aqueles corredores ocupando o espaço destinado aos automóveis porque o calçadão não é apropriado para o esporte? Desejariam com aquela atitude demonstrar a todos que a avenida deveria, em certos horários, ser totalmente destinada a corredores, banindo-se o trânsito de veículos? Agiriam daquele modo, por simples imprudência, sem qualquer noção dos riscos a que se encontram expostos? É óbvio ter faltado qualquer planejamento na construção daquela via, estreita e irregular. Uma simples visão de futuro bastaria para a preservação de um espaço bem maior entre a praia e os edifícios. Diante do que aí está, caberá à moderna engenharia encontrar soluções. O que não podemos é fechar os olhos aos esportistas que se expõem a graves acidentes, em uma cidade onde as estatísticas demonstram que em 2012, morreram no trânsito 413 pedestres. De janeiro a agosto de 2013, ocorreram 952 atropelamentos de pedestres. Destes, tivemos 352 vítimas fatais, superando proporcionalmente a estatística do ano anterior. O risco de morte do pedestre atropelado aumenta, conforme a velocidade do veículo que o atinge, porém, esta não é uma regra sem exceções. Mesmo em baixa velocidade, os veículos podem acarretar sérios danos aos esportistas que correm naquela rua. No programa de mobilidade urbana, os pedestres não podem ser esquecidos, propiciando-lhes segurança e comodidade em seu deslocamento.

Celina Côrte Pinheiro 
Médica

segunda-feira, 12 de maio de 2014

POR: FÄTIMA AZEVEDO - MÂE

Dra. Fätima Azêvedo - Médica e Membro da Sobrames-CE

MÃE
Dor infinda
Amor sem fim
Caminho sem volta
Mãe de salto ou de bengala
Em toda e qualquer idade
Quer o bem do próprio filho
Seja ele um bebê
Ou homem de barba, grisalho
Mãe só sabe dar amor
Carrega sua dor calada
Transforma a lágrima em riso
E da dor tira um sorriso
Mãe tão forte e tão frágil
Às vezes mal entendida
Tem sexto sentido à postos
Adivinha sem botar cartas
Prevê sem bola de cristal
Sente cheiro de sorriso
E também de choro preso
Mãe, amor infinito
Caminho sem volta

sexta-feira, 9 de maio de 2014

POR: ANA MARGARIDA ROSEMBERG - A NUDEZ DE MARIA ANTONIETA EM DOIS MOMENTOS DE SUA VIDA


Dra. Ana Margarida Rosemberg - Médica e Segunda Secretâria da Sobrames-CE

Réplica da cela onde Maria Antonieta ficou presa na Conciergerie

Pintura da Rainha Maria Antonieta

Maria Antonieta na Conciergerie

A NUDEZ DE MARIA ANTONIETTA EM DOIS MOMENTOS DE SUA VIDA*



O dia mal clareara naquela manhã de 16 de outubro de 1793.
Na pequena mesa ainda queimavam duas velas iluminando, debilmente, o escuro e fúnebre cárcere da Conciergerie, que durante os últimos 70 dias abrigara a Rainha da França.
 Lá fora, os tambores rufavam, por toda a cidade de Paris, anunciando mais um espetáculo da Revolução que logo iria se desenrolar em praça pública.
            Rosália, uma camponesa, entrou na cela com um caldo, trêmula e cheia de piedade. Maria Antonieta após passar a noite em claro resolveu escrever uma carta para sua cunhada, recomendando os filhos.
Vencida pelo cansaço, deitou-se na cama com seu vestido preto de viúva do Rei da França, mas era preciso levantar-se e despir-se para pôr um vestido branco, pois assim deveria comparecer ao cadafalso naquela manhã histórica. O carcereiro, que guardava sua cela, tinha ordem de não se afastar e a Rainha, para esconder sua nudez dos olhos daquele homem rústico do povo, colocou-se em um pequeno vão entre a parede e a cama e começou a despir-se. O corpo fenecido pelo tempo e sofrimento já não era o mesmo da adolescente de 14 anos que outrora, em uma ilha no meio do rio Reno, ao despir-se, resplandeceu iluminando a antecâmara daquele luxuoso pavilhão e os olhos do séqüito de nobres austríacos, que acompanhavam a arquiduquesa naquela suntuosa cerimônia. 
Completamente nua e linda, no esplendor de sua pureza virginal, com seus cabelos de um louro muito claro, seus olhos de um azul profundo, seu corpo esbelto, delicado e gracioso de adolescente, recebeu a mais fina seda francesa para cobrir sua nudez e sair dali como Delfina da França.
Do outro lado do Reno, em uma luxuosa carruagem, o Rei Louis XV e seu neto, futuro Rei Louis XVI, aguardavam, com ansiedade, a chegada da Delfina que deixava para sempre o palácio de Schoenbrunn, o convívio alegre com seus irmãos, suas brincadeiras infantis e o carinho de sua mãe, Maria Teresa, para seguir o seu destino de Rainha da França.                                    
            24 anos depois, Maria Antonietta despia-se novamente.
Agora, naquela triste cela, úmida e escura, da Conciergerie com sua magnífica arquitetura gótica, porém lúgubre para a prisioneira.
Maria Antonietta não tinha mais o brilho da juventude, porém seu corpo resplandecia mais uma vez, iluminando o cárcere escuro, com sua alma purificada pelos sofrimentos enfrentados, com resignação, nos últimos quatro anos.
Rosália ajudou a pôr o modesto vestido branco de algodão, a colocar um véu de mussolini no pescoço e a cobrir, com uma touca, os cabelos completamente brancos, apesar de ter apenas 38 anos.
Seu rosto estava cansado e envelhecido, mas conservava a misteriosa força magnética de encantar as pessoas.
Maria Antonietta desejava a morte, mas precisava reunir forças para morrer com dignidade, precisava mostrar aos franceses como morre uma Habsburgo, filha de Maria Teresa.
 Às 10h00min, entrou o carrasco Sanson para lhe cortar os cabelos e ela, sem a menor reação, deixou também que lhe amarassem as mãos nas costas com uma corda. Estava decidida a salvar sua honra e não demonstraria algum sinal de fraqueza.
Lá fora esperavam por ela, uma carroça puxada por um cavalo e uma multidão de 10 mil pessoas, que se apinhavam para mais um dia de espetáculo oferecido pela guilhotina, em nome de “liberté, égalité et fraternité”.
Sentada na dura tábua da carroça, a Rainha da França olhava firme para frente sem oferecer à curiosidade da multidão um sinal de medo ou de dor. Parecia nada ver e nada ouvir. Nenhum tremor lhe agitou os lábios, nenhum estremecimento passou pelo seu corpo. Senhora absoluta de seu destino parecia ter consciência do momento histórico que vivia.
A carroça parou diante do patíbulo.
Maria Antonietta subiu os degraus do palco de madeira com a mesma graça e agilidade com que outrora subia as escadarias de mármore do “Palais de Versailles”.
O silêncio se apossou daquela praça. 
Os carrascos pegaram-na pelos ombros e a deitaram sobre o patíbulo e, acima, a lâmina da guilhotina brilhava de tão afiada.
Uma puxada na corda, um lampejo no cutelo, um golpe surdo e a imortalidade para Maria Antonietta.

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg
São Paulo, 2 de novembro de 2004.



*Este relato se restringe a fixar dois momentos da vida de Maria Antonietta, marcados com sua nudez. No primeiro, com todo esplendor, ela entrou para vida como Delfina e futura Rainha da França e no segundo, trágico, despida de sua realeza, entrou para a História.