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domingo, 16 de junho de 2013

POR: SEBASTIÃO DIÓGENES - CECÍLIA E BANDEIRA

Dr. Sebastião Diógenes - Médico e Tesoureiro da SOBRAMES-CE



CECÍLIA E BANDEIRA

Comprei duas antologias poéticas de qualidade excepcional: uma de Cecília Meireles, outra de Manuel Bandeira. Ambas contêm os melhores poemas escolhidos pelos próprios autores. Magníficos!  São lançamentos recentes da Global editora. Cada livro traz na capa lactescente plastificada a fotografia em preto e branco desses imortais poetas. Cecília está de perfil, linda e sorrindo, tendo ao fundo a bela paisagem de um lago contornado por morros, parece-me, a lagoa Rodrigo de Freitas. Manuel Bandeira também está de perfil, dentuço e sisudo, com os indefectíveis óculos de armação grossa e preta.

Pois bem, enquanto estou lendo os livros, guardo-os deitados um sobre o outro - como que abraçados - na sobra da prateleira da estante superlotada. Parece trocarem afagos, os livros, com o pudor que os poemas de Cecília reclamam! Irão assumir a digna posição vertical quando concluir a leitura, coisa de poucos dias.  Enquanto isso não ocorre, preocupo-me com os dois vivendo desse jeito, com liberdades.  Por cautela e consideração à grande poetisa, coloco-a (o volume) sobre o Bandeira, mesmo sabendo que tal providência não conferiria garantias.  Não sei o grau de amizade que existiu entre eles durante a passagem terrena.  Sei que não devo facilitar as coisas na minha biblioteca, posso ser severamente repreendido por dona Cecília, a quem adoro, quando nos encontrarmos. Bandeira, não, gênio do erotismo poético, iria achar engraçada essa prosopopeia. Todavia, tenho de ter os meus cuidados, quero contar com a amizade dos dois, fortuna que carece de pressa.

Sebastião Diógenes.

19/maio/2013.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

POR: VICENTE ALENCAR - RIO JAGUARIBE

Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e Divulgação da SOBRAMES-CE
RIO JAGUARIBE
 
Ele caminha lento,
amargurado,
invadindo a caatinga,
passando os taboleirosa,
levando esperanças
ao caboclo que acredita
na sua força.
O desmatamento de suas margens,
o assoreamento que é vitima,
a poluição
que lhe agride,
os dejetos que lhe jogam,
mesmo assim ele caminha,
embora lento,
segue firme,
sabendo que seu destino
é levar em frente
o esperado desenvolvimento.
Os sertanejos
que dependem das suas águas,
das suas margens,
do seu peixe,
lhe respeitam.
Seus afluentes vivem
o drama do sol,
da falta de inverno,
da ausencia de programas oficiais.
Todos querem seus beneficios,
porém,
nada lhe dão em troca.
São os exploradores,
os mesmos que fazem joguete,
joguete do seu povo, sua gente.
 
Vicente Alencar
(Da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB/CE.)