Dr. Edgard Steffen - Médico Pediatra e Escritor |
Obelisco de Calígula
... o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor (...) clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador e protetor que os livrará. (Isaias 19: 19-20)
A presença de um obelisco construído por faraó politeísta e transportado para Roma por imperador louco que se auto-endeusou na sede de uma religião cristã, pode estranhar muita gente. O que faz, numa área intrinsecamente cristã, um símbolo dedicado ao deus Ra, mandado construir pelo Faraó Amenemhat II? Confesso. Também estranhei. Resolvi ler sobre o assunto. Achei aspectos interessantes tanto na Internet, como nos livros de História Antiga. Na Bíblia, a profecia de Isaias (19:9 e 20) é um deles.
Calígula (Botinha) é o apelido pelo qual o imperador romano Gaio César Germânico (12 a 41 dC) ficou conhecido. Quando criança era espécie de mascote das legiões comandadas por seu respeitado pai; vestia-se como os legionários, inclusive com a caliga (bota). Assomado ao poder, tornou-se conhecido por loucuras, extravagâncias, depravações e maldades. Foi hábil nas artes da guerra, mas não aprendeu a nadar. Por sofrer de epilepsia, tinha medo de afogar-se. Esta teria sido a motivação para que mandasse construir caríssima ponte flutuante, entre os portos de Baiae e Puteoli, para atravessar montado a cavalo. Outra extravagância foi construir estrebaria de mármore, com manjedoura de marfim, para seu cavalo Incitatus, além de nomeá-lo cônsul. Quanto ao obelisco, mandou trazê-lo para compor a espinha de um circo. Não chegou a completá-lo.
Coube a Nero o mais cruel dos césares, porém, bom administrador e urbanista terminar a construção do Circus Maximus. Talvez tenha sido Nero quem mandou incendiar Roma, para reconstruí-la melhor arruada e saneada. Culpou os cristãos pelo incêndio e pode persegui-los, jogá-los às feras e até, embebidos em matéria inflamável, transformá-los em tochas para iluminação de espetáculos noturnos. No circo Calígula-Nero teria ocorrido o martírio de São Pedro.
Deve ter sido razão para Sisto V ordenar a remoção do obelisco devidamente exorcizado para a Praça do Vaticano (1586). Conduzidos pelo arquiteto Domenico Fontana, 900 homens sob pacto de silêncio (qualquer manifestação seria punida com morte), ajudados por 47 guindastes e 150 cavalos, removeram as 350 toneladas de granito rosa, medindo mais de 25 metros, e a cravaram no centro da praça.
Durante os trabalhos, pela fricção, as cordas de cânhamo quase pegaram fogo. A fumaça chamou a atenção do capitão marinheiro genovês Brescia, levando-o a romper o silêncio e gritar Acque alle funni! (Joguem água nas cordas!). Salvou o trabalho e evitou a morte de muitos. Não foi punido. Pelo contrário, a família Brescia passou a deter o monopólio do fornecimento de palmas para os Domingos de Ramos.
Dos monumentos do antigo Egito trazidos a Roma, o obelisco é o único que permanece em pé até nossos dias. Curiosidade: Não contém hieróglifos. No ápice, acrescentaram-lhe uma cruz de bronze. Na base, a inscrição: CHRISTUS VINCIT. CHRISTUS REGNAT. CHRISTUS IMPERAT. CHRISTUS AB OMNI MALO PLEBEM SUAM DEFENDAT. (Cristo vence, reina, impera e defende seu povo de todo mal). Jesus Cristo, ao pregar a bondade, assumir o sacrifício e ressuscitar, venceu impérios opressores e maldades de loucos governantes. Defenderá seu povo nestes conturbados tempos.
Boa Páscoa!
Edgard Steffen (edgard.steffen@gmail.com)