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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

POR: L. A. FERNANDES SOARES - OS OLHOS VERDES DAS MENINAS DE GRAMADO


Dr. L. A. Fernandes Soares




OS OLHOS VERDES DAS MENINAS DE GRAMADO

                                                                                               L.  A. Fernandes Soares

Para quem nasceu e se criou na fronteira, com as Repúblicas do Uruguai e da Argentina, onde vive uma raça de sulinos, numa mistura de índio, castelhano e portenho, acostumado a ver apenas os olhos castanhos escuros, genótipo típico e preponderante nas meninas daquele recanto do Rio Grande do Sul, não há nenhum estranhamento.
Ao atingir-se o planalto serrano, sudeste do Estado, pelo caldeamento de outras raças, oriundo do alemão e do italiano, observa-se características genéticas completamente diferentes. Sente-se a forte predominância do europeu. O mulato e o preto nunca passaram por essas terras. Talvez, agora, pouco em pouco, eles venham a aparecer, porém, de imediato, sem influenciar na degradação da raça padrão.
Aqui, sobre a serra gaúcha, é que passei a ver, deslumbrado, novas características estampadas nas faces, principalmente femininas. Então me deparei com os lindos olhos das meninas de Gramado. Para encurtar a descrição e poupar comentários, diria que essas meninas carregam duas pérolas verdes-turquesa no espaço onde deveriam estar as pupilas. São fenótipos tão estranhos e diferentes que as palavras não conseguem interpretar. Após ver alguns, passei a olhar no fundo de todos os olhos dessas meninas. Fiquei encantado com a formosura e com a beleza...
Quando esses olhos encontram os meus, tenho a impressão de que serei seduzido, anestesiado, paralisado, e ficarei petrificado no tempo. São estruturas anatômicas indescritíveis, muito bem arquitetadas.
Há poucos dias, ao sair de um restaurante em Gramado, dirigi-me a uma vitrine, atraído por um couro de boi rosilho, curtido, e ali estavam duas belas meninas de uns cinco anos no máximo. Ao vê-las, logo minha atenção foi despertada, ao deparar-me com dois pares de olhos verdes que pareciam os campos verdejantes refletidos num espelho de águas serenas e cristalinas. Não tive dúvida. Ao admirar uma delas, deixando a vitrine de lado, não pude me calar e disse com certo alarde e um pouco de espanto:
- Mas que olhos bonitos! Parecem duas pedras de safira estampadas em face tão linda! Você não quer me emprestar esse olhar?
Nem bem acabei de falar e a garotinha, para qual havia me dirigido, falou com muita naturalidade:
            - Ora, tio! Pára!!! – e, em seguida, dirigiu-se à colega dizendo:
- Vamos embora!! Estou preocupada com o assédio desse velho...
Bem que a menina bonita de olhos verdes tinha razão! Tio e velho ainda... Restou-me o direito de sorrir com naturalidade diante de tão pronta resposta. Nem por isso parei de admirar esses olhos verdes, cor de safira lapidada. Continuei a caminhar pela rua e olhava, encarava a todos que passavam, no desejo de verificar se era um fato de valor estatístico alto.
Ao entrar na padaria, estava uma loira no ofício de caixa. Corpo de miss, olhar provocante e atrás do balcão, dois clones, muito bem copiados. Além de tudo, gêmeas!!
Eram três pares de olhos verdes, brilhantes, que pareciam refletir a minha própria imagem. Ao chegar mais próximo, notei que eram naturais e quase transparentes. Havia imaginado que eram portadoras de lentes. O mais interessante é que as meninas-moças eram tão acostumadas que os fregueses, por momentos, olhassem seus olhos, como se estivessem olhando em espelho de cristal verde, que não baixavam e não desviavam o olhar. Correspondiam e ainda abriam um largo sorriso, e se não fosse o balcão, acredito que chegariam mais perto ainda.
Fiquei a contemplá-las, submisso àqueles olhos verdes, que uma delas teve que bater com a mão sobre o balcão e perguntou: - Ó tio, o que o senhor deseja?
Tive a impressão de voltar de um sono profundo, quando despertei. Com muito tranquilidade e obcecado com a cena, falei:
– Dez litros de leite e um pão... Aliás, apenas um pão e um leite - corrigi-me um tanto confuso.
Fiquei a recordar os caracteres genéticos. A fusão dos cromossomos. Para ser sincero, não eram apenas os olhos que eram bonitos. Toda a anatomia era perfeita, talvez tivessem no máximo 20 anos de existência. Eram meninas-moças capazes de ganhar todos os concursos da fronteira.
Ao sair, já depois de pagar as despesas e agradecer, quase na porta, tive a impressão de que ouvi uma voz sussurrante dizendo: - O tio ficou encantado com os nossos olhos!
Também, pudera! Não foi só com os olhos... Já na rua recordei os olhos verdes das meninas de Gramado e refleti, silenciosamente: “É verdade!! Agora entendo que nasci muito cedo ou essas meninas de olhos verdes de Gramado nasceram muito tarde...

                            Gramado, RS, 20/9/99


NOTA DE FALECIMENTO


   A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Ceará (Sobrames-CE) sente-se também enlutada pelo falecimento do estimado médico e professor Adônis Reis Lira de Carvalho, sobramista de Pernambuco e membro da Abrames.
               Nossos pêsames a toda família neste momento de dor e sinceros votos de conforto espiritual.
 
Celina Côrte Pinheiro
Presidente da Sobrames-CE





quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ELEIÇÃO NA SOBRAMES-CE

Prezado (a) Sobramista,
 
No dia 10/03/2014, realizaremos a ELEIÇÃO DA DIRETORIA E CONSELHO FISCAL de nossa associação, para o período 2014-2016.
 
Informamos que as chapas concorrentes deverão ser registradas junto à Comissão Eleitoral até 07 (sete) dias antes do pleito, mediante requerimento assinado pelo responsável e dirigido ao Presidente da referida Comissão, contendo os nomes dos candidatos aos cargos da Diretoria e do Conselho Fiscal, com mais de 01(um) ano de filiação e em dia com as obrigações sociais.
 
Para maiores detalhes relativos ao Processo Eleitoral, sugerimos a consulta ao Estatuto da Sobrames-CE - 1º Aditivo - Artigos 25º a 30º.
 
Atenciosamente,
 
Celina Côrte Pinheiro
Presidente da Sobrames-CE

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

REUNIÃO DA ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA - 12 DE FEVEREIRO DE 2014

Hoje, dia 12 de fevereiro de 2014, às 15h30min, no auditório da Pró-Reitoria de Extensão da UFC, em Fortaleza-CE, aconteceu a palestra do Dr. José Alves da Rocha Filho sobre "MITOLOGIA GREGA".

Parabéns ao Dr. José Alves, que é membro da Sobrames-CE, por sua apresentação na ACM, nos mostrando uma faceta de um tema tão fascinante.

 
Dr. José Alves da Rocha Filho










terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

CONVITE - NOITE DE AUTÓGRAFOS


REUNIÃO ORDINÁRIA DA SOBRAMES-CE - 10 DE FEVEREIRO DE 2014

Ontem, dia 10 de fevereiro de 2014, às 19h30min, realizou-se, na Avenida Rui Barbosa, nº 1880, mais uma reunião ordinária da Sobrames-CE. A mesma, que foi presidida pela Dra. Celina Côrte (Presidente),  contou com a presença de vários associados.
 
 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

POR: FÁTIMA AZEVÊDO - PARA DEZINHA COM AMOR


Dra. Fátima Azevêdo - Médica e Membro da Sobrames-CE


                                                  PARA DEZINHA COM AMOR
            Tenho uma tia bem velhinha, velhinha mesmo. Dessas que não têm mais músculos, só a pele enrugada lhe cobrindo os ossos que um dia já foram encobertos por uma pele viçosa e rosada e por músculos de amazona. Pois é, eu tenho uma tia com cabelinho ralo e liso mas ainda brilhante, no lugar das madeixas fartas e encaracoladas de outrora. No lugar dos lindos dentes de antigamente, duas próteses móveis, rosadas e que parecem querer pular do copo d’água ao cair da tarde para me dizer boa noite.
            Eu tenho uma tia bem velhinha, velhinha como as meinhas brancas das crianças do grupo escolar que só têm um par para usar o ano inteiro. Tão velhinha que mal pode andar sozinha. Tão velhinha e transparente que torna quase possível a visualização de seus órgãos assim como de sua mente e coração. E o que eu vejo... A mais jovem de todas as mentes que conheço e o mais generoso dos corações.
            Ela é a prova mais palpável do amor incondicional. Ela é a paz feito gente, o perdão e a conciliação. É a mais sábia das criaturas. É a última de uma geração em extinção. É o meu xodó maior. E ela sabe disso.
            Essa minha tia é tia-avó e mãe-avó ao mesmo tempo. Mãe porque ajudou a me maternar e avó porque leve, sem as angústias ou exageradas preocupações das mães. Fez do meu mundo infantil uma fantasia revisitada sempre que se faz necessário. Produzia brinquedos artesanais como ninguém. Desde casinhas de caixas vazias de remédios a soldadinhos de chumbo prateados de tampas de leite em pó. Todos perfeitamente enfileirados a marchar pelos tacos do quarto na casa do Tirol. Arrumava minha casinha de bonecas e quando a asma me atacava e eu faltava às aulas, não sabia o que era tédio. Lá estava ela pronta pra me levar ao mundo da fantasia enquanto minha mãe ia providenciar alimento, medicamentos, consultas médicas e o que mais fosse necessário. Além dos brinquedos artesanais, eu ainda era abençoada pela mãe-lua nas noites de lua cheia, quando Dezinha me levava para a calçada e me ensinava esse “mantra”: “a benção mãe-lua me dá pão com farinha pra eu dar pra minha galinha que está presa na cozinha”. E eu, menina de ontem, repetia com a mãozinha levantada, olhando pra lua em total sintonia. Repetia esse “mantra” com a cadência dos poetas, do amor e da inocência.

            Até hoje guardo com carinho um par de tamancos comprados no mercado, daqueles tamancos bem baratinhos, que ela me deu quando eu tinha 1 ano. Tamanquinhos artesanais, adquiridos no Mercado São Sebastião no século passado. Não deixa de ser uma peça histórica em um mundo de plastificados. Estou pensando até em emoldurá-los pois para mim, são como um retrato doce de minha infância.
            A Dezinha, essa minha tia querida, não é caduca, muito pelo contrário, está por dentro de tudo o que acontece no mundo e ainda dá palpites. Essa minha tia nunca casou, nunca teve filhos, mas amou e amou muito. A tudo e a todos. Ainda hoje fala de seu grande amor. Muito moderna e independente para a sua época, não tinha perfil adequado para o casamento.
            Tenho uma tia bem velhinha, mais velhinha do que a mantilha de renda de minha bisavó. Sei que já cumpriu sua missão neste planeta e que mais dia menos dia será como uma poeira de luz feito estrela a iluminar o meu céu. Estará sempre no meu coração.