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segunda-feira, 25 de abril de 2022

A ESPADA - Por: Ronald Teles


Ano passado fui presenteado com um instrumento, símbolo e ápice da formação de um militar, recebi de presente a espada da declaração a oficial de meu amado pai, a aspirante em 1959. Ele menino pobre do interior, fugitivo da fome, das endemias e do destino como pescador em seu minúsculo interior do Ceará, através do estudo, que o fez galgar todos os brilhantes degraus de sua vida, agora via suas aspirações de criança pobre materializadas naquela espada prateada, lustrosa, com bordado singelo e grande significado pessoal. Ali começava uma vida de grande militar laureado com todas as honras possíveis de sua carreira, mas notadamente avaliado pelo seu intelecto destacado. Abraçou depois a advocacia e se consagrou advogado cível e empresarial de renome, recebendo distinção da OAB, e hoje figura no livro das personalidades cearenses, ao lado de grandes em suas áreas de atuação, como Antonio Martins filho, Paulo Elpidio de M. Neto, Lúcio Alcântara,Virgílio Távora, Adauto Bezerra, César Cals, Beto Studart, Raquel de Queiroz, e tantos outros ilustres, ídolos dele próprio.
Esse exemplo é por demais marcante para mim, essa espada por mim recebida, como primogênito, e herança de honra e virtude, traz em si o que o estudo, a educação, a força de vontade, e o desejo sobre humano de vencer podem fazer, quando a consciência pede, o tempo urge e Deus favorece!
Minha primeira lembrança da ida ao colégio foi aos 3 anos de idade, quando fui despertado por uma negra com asas de anjo da guarda e sorriso expressivo, de alcunha "caticô". Ela me despertou carinhosamente, com as carícias que a mãe África à legou; herança propagada na nossa miscigenação e formação brasileira, e me levou pela mão ao colégio Clóvis Bevilácqua, em Jaguaribe, onde começou a minha saga pelo saber.
Hoje nossos filhos detêm inúmeras possibilidades educacionais, desde a estrutura de ensino particular, quase privativa da classe média, em todos os seus níveis, até os mais variados métodos de ensino, estrutura digital e tantas outras facilidades!
Só falta um detalhe!
Falta a vontade, falta a obstinação, falta denodo, falta desiderato, falta olhar para si, para o presente e para o futuro.
Só há futuro com o cidadão educado e instruído, essa formação vai fazê-lo ter bagagem intelectual, opinião própria e espírito crítico. Com esse equipamento ele vai fazer escolhas certas para si e para a sociedade. Nosso País engatinha na educação, os professores são subvalorizados e subremunerados, são idealistas; é por isso que mantêm essa fleuma; nas instituições publicas falta tudo, desde material básico, estrutura física e principalmente respeito ao mestre. Nas instituições superiores há uma verdadeira degradação e desmonte de um passado glorioso. A pesquisa está sem verbas, estamos perdendo nossos cientistas para outros centros no exterior. Nosso estado do Ceará é vitrine para o Brasil em educação pública e os resultados são expressivos, mas infelizmente as politicas publicas demandam um cidadão analfabeto para "massa de manobra" e para conclusão de seus objetivos imediatistas e espúrios;nossas futuras gerações têm o grande desafio de mudar essa triste realidade e de transformar nosso país em sua verdadeira vocação de grande estado entre tantos,e não de um pária com a impressão de dever não cumprido.

6 comentários:

  1. Sábias considerações

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  2. Excelente relato primo. Além de descrever parte relevante de sua ascendência direta, também é parte significativa e relevante da história de uma família como um todo. Além de ser uma "ode" a educação e ao esforço pessoal na quebra das amarras do determinismo social. Também me senti perfeitamente representado sobre as condições, que nós, professores da rede pública, somos submetidos. Grande abraço. Arlindo Neto🤝🏼

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  3. Relato com muita clareza e expressividade da sua trajetória! Pode se orgulhar da sua origem, da sua ascendência e tudo que até hoje você conquistou! Parabéns

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  4. SENSACIONAL, além de mostrar seu respeito,pela sua origem é verdadeiramente ,um GRITO DE ALERTA

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  5. Gilvanda Soares Torres2 de maio de 2022 às 20:50

    Ninguém chega a parte alguma só. Carregamos conosco a memória de muitas tramas, a memória às vezes difusa, às vezes nítidas, claras de ruas da infância, da adolescência, a lembrança de algo distante que, de repente, se destaca límpido diante de nós, em nós, o corpo molhado de histórias.Na escola da vida estamos sempre aprendendo, a exemplo da educação, seguimos aprendendo. Isso porque nascemos para coletividade e aprendemos a partir do nosso estar sendo no mundo. Nossas raízes é a primeira escola também o mundo ensina. Somos Trocas de saberes permitindo-nos alargar o olhar para várias direções tendo em vista uma vida com ação libertadora. Portanto, ao aceitar a condição de sujeito aprendente é banir o plano das puras certezas e correr os riscos de deixar surgir o novo. Para isso, é preciso ter consciência do sujeito inacabado que somos, que marca a existênciahumanana terra. A respeito da educação a adoção de respeito e valoração do educador é imperativo para o crescimento vertical e horizontal de uma sociedade dinâmica integrada.

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