Total de visualizações de página

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

CARNAVAL - Por: Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista

CARNAVAL

" Minha graça te basta, minha força se aprimora no teu sofrimento ".Assim falava o senhor Deus a São Paulo em uma de suas epístolas aos Corintios, quando o santo apóstolo queixava-se de um espinho que atormentava sua carne humana. Após 2 anos de extremo sofrimento psicológico, que resultou em uma "confusão mental "de ordem mundial,pelas agruras provocadas pela nova Pandemia do Sars Cov 2,um dos maiores " espinhos na carne humana de todos os tempos,ou Covid 19 instada como tal pela ONU após a confirmação de seu alcance mundial em todos os confins do planeta terra,o ser humano agora encontra uma "válvula de escape"para os traumas,as perdas,as tristezas,as decepções; o choro incontido desta vez não é carpido por cada tragédia pessoal e sofrimento ímpar,ele se encontra derramado nas luzes,avenidas,nos ritmos afro-samba,nas marchinhas,blocos,escolas de samba, fantasias eivadas de pedidos de momentos mais felizes,conduzindo agremiações tradicionais dos quatro cantos de nosso país continental,assim como as garbosas e tradicionais escolas de samba ,tão bem representadas por seus bambas, sua velha guarda,suas alas multicoloridas,seus enredos discorrendo de tantas histórias de fatos e pessoas, contadas para as platéias uníssonas com seu apelo,bradado pelos " puxadores de samba", que não deixam cair por um segundo a harmonia produzida pela bateria ,que como um exército, propaga o fogo santo do samba ,que pulsa junto ao coração de cada um que vibra incessantemente com sua escola preferida e amada, de maneira insigne e perpétua. 

Essa força e mágica são nossas;as festas de carnaval remontam  em nosso país, ao início do século ,com bailes,blocos,cordões, ranchinhos,tradicionais fantasias de pastorinhas, os pierrot,ciganos,mascarados,colombinas,as marchinhas tradicionais,as críticas políticas,sociais e religiosas,assim como o romantismo faziam parte daquelas antigas comemorações,com casais enamorados romanticamente ,sem o frenesi moderno atual,embalados por uma " intoxicação " alcoólica menos prejudicial,se é que podemos assim dizê-lo ,onde o lança perfume era uma das drogas licitas na folia,e era a própria folia que motivava os brincantes em suas animadas festas.

De lá para cá nossa principal festa popular ganhou ares empresariais,com forte apelo econômico na realização do Carnaval, imbuído de grande soma econômica para realizá- lo,notadamente os grandes desfiles do Rio de Janeiro e São Paulo. Foram criados espaços específicos chamados sambódromos,onde desfilam agremiações que aplicam grandes somas monetárias de acordo com o " carnaval" que pretendem apresentar na avenida,carros alegóricos ultra-modernos,multifuncionais com estrutura de engenharia impensável,transportando muitas vezes centenas de participantes,engenharia elétrica de última geração assim como mecânica.As fantasias podem ser de preço mais modesto até o preço de um carro popular.Todos os brincantes pagam por suas fantasias e o direito de desfilar,muitas vezes em consórcio de hum ano.Há ainda a remuneração dos músicos e todo o entorno de segurança,as grandes redes televisivas detêm o direito de transmissão e os patrocinios de empresas sâo marcantes e repetitivos durante as exibições,são cobrados ingressos de todos que se adentram ao coliseu do samba.Ao lado dos sambódromos visceja talvez o mais rentável negócio do carnaval:A exploração dos camarotes .Estes têm um Carnaval particular,alguns cobram 8.000 reais por pessoa,tem shows particulares,bandas e toda sorte de drinks e comidas.Isso vem gerando desconforto junto à liga das escolas de samba que já estão se indignando com essa " evasão" de divisas,dentro dos templos do samba,assim como a própria rivalidade aos desfiles.

O Fato é que o ser humano necessita de algo que o faça pensar em um futuro mais harmonioso,auspicioso e alegre e nada como uma festa que prega a inversão de valores,a insubordinação e perda de pudores,para fazê-lo retornar ao velho otimismo do povo brasileiro,que já é tão sobrecarregado em todos os setores de sua vida.Após a festa vem sempre uma cobrança dos excessos,perdas e até infortúnios,mas a catarse foi realizada e os medos afastados, inclinando-os à um passo à frente.

Muitos pensam o carnaval como festejo nacional,no entanto essas comemorações remontam à Babilônia em festas denominadas Sacéias,vieram então o gregos com suas bacanais e festas dionisíacas regadas à muito álcool e sexo,assim como os romanos com suas saturnálias também reverenciando deuses pagãos, mixados às tradições gregas e caráter popular,assim como inversão social de papéis.Na idade média a cidade de Colonia foi sede de grandes carnavais,com brincantes mascarados,deuses pagãos e seu culto visando afastar más colheitas e espíritos abjetos.

No século 7,a Igreja católica através do Papa São Gregório Magno,preocupada pelo paganismo da festa e seu apelo carnal,instituiu o " carne vale",data que marcava a despedida da carne e voltava- se para valores cristãos,conduzindo a festa a matizes morais aceitáveis,escolados na doutrina católica.Mesmo assim a sátira continuou,inclusive com os próprios membros do clero sendo o mote delas.

Temos que frizar que embora sejamos donos da maior festa popular do mundo,já tivemos Cristo ladeado em uma famosa escola por urubus,desconstruído em toda sua sacralidade para nós que fielmente cremos Nele como nosso Senhor e Salvador! Em desfile recente os Santos da Igreja foram ultrajados em seus gêneros! Pichados e desdenhados em sua real santidade e devoção, o maligno sendo exaltado e exultado! O carnaval não deve tomar esse rumo nefasto,não deve ser mais uma barreira desagregadora diante de tanto sofrimento.Se ele existe hoje,se todos se ajuntam sem um vírus para ceifar suas vidas, essa permissão veio do Alto!"Agora conheço em parte,mas um dia conhecerei plenamente ,como sou conhecido"Diz São Paulo em sua primeira carta aos Corintios."Não vos vingueis a vós mesmos amados,mas dai lugar a ira de Deus,pois está escrito:Minha é a vingança ,eu retribuirei,diz o Senhor",também nos relata o apóstolo dos gentios em uma de suas 7 cartas.Estes atos são repulsivos e não condizem com a alegria e extroversão do nosso povo motivada também pela grande fé que nos faz o maior país cristão do mundo.Brinquemos o carnaval com Deus em nossos corações e com respeito ao criador de tudo e todos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

90 SEGUNDOS - Por: Ronald Teles

                                                   

Dr. Ronald Teles, Cardiologista.

 90 SEGUNDOS

"Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”. Assim definia Cristo Jesus os crentes em sua palavra bendita, os que aceitaram-na, e a praticam, pois São Paulo também diz em sua segunda Epístola aos Coríntios, que Deus roga que sejamos seus embaixadores da fé, e promovamos a construção do amor ao próximo no mundo.

O ser humano habita na terra há cerca de 2.5 milhões de anos, em uma epopeia, de assimilação de habilidades, conhecimentos e realizações paulatinas  à cada descoberta das coisas mais básicas como instrumentos de caça, da tecitura de suas peças de vestuário em peles de animais, do fogo, que foi uma das maiores revoluções, pois lhes dava proteção contra as feras, aquecia seus corpos para não morrerem de frio, e por fim cozinhava as caças que passaram a ser mais palatáveis e livres de micro-organismos, que podiam matá-los; fixaram-se em cavernas, suas primeiras habitações, que fazem da arquitetura, uma das sete artes, também uma das mais antigas.

As cavernas também eram registro das pinturas rupestres, que retratavam caçadas de animais pré-históricos, conflitos entre grupos, hábitos das suas épocas, sua organização familiar, fazendo da pintura, também uma arte ancestral. As cavernas também eram seu derradeiro repouso, e o cerimonial funerário também data dessas épocas, onde se sepultavam os membros do grupo e família, reverenciando-os com conotação de respeito, amor sacro; essas habitações seriam frutos de grandes estudos arqueológicos da evolução de nossa espécie.

Veio a agricultura, este homem passou a migrar para outros assentamentos, retirando sua subsistência também da terra; a roda foi inventada após algum tempo, à tração ficou mais fácil, assim como carregar grandes cargas. Os assentamentos acessavam mananciais de água, locais para criadouros de animais, terrenos agriculturáveis e seguros para pequenas aldeias, que se transformavam em vilas, as vilas e cidades e o homem chegou à estrutura de habitação com organização social bem definida, hierarquicamente  traçada, com subsistência de agricultura e caça, crença religiosa heterogênea, e indivíduos também responsáveis pela segurança, como se fora uma guarda ou milícia.

As cidades através de múltiplos mecanismos incorporaram territórios contíguos, por afinidade de língua, costumes e ideais comuns, assim como batalhas de conquista, por riquezas e titularidade dos conquistadores e rotas de comércio.

Muitos impérios nasceram dessa sanha conquistadora, da manifestação do poder e da belicosidade que sempre caracterizou a raça humana. As batalhas greco- pérsicas, com a invasão repetida das forças persas buscando conquistar o território grego. A famosa batalha de maratona, região grega onde foi deflagrada, com general Milcíades comandando os gregos em número infinitamente inferior, ao grande exército de Dario o persa.

O dramaturgo Ésquilo fazia parte das hostes gregas. Um soldado de nome Fidípedes foi encarregado de correr os 42 km que separavam a região de Atenas para recrutar esforços, ao chegar deu sua palavra de súplica e caiu morto. A batalha foi vencida gloriosamente pelos gregos e a prova atlética ganhou seu nome de Maratona, o assaz corajoso e intrépido soldado ganhou uma linda escultura em Atenas.

O império romano foi o mais longo, com 1500 anos, com terras em todos os confins, e dominação determinada por um exército que tinha técnicas de guerra sofisticadas, espadas curtas para o corpo a corpo, armaduras especiais, telas metálicas, elmos apropriados, e formação treinada para todo tipo de conflito. Eles eram temidos e respeitados, chefiados por grandes generais romanos, que eram recebidos como deuses após todas as conquistas, entrando triunfalmente em Roma.

Cabe um detalhe, eram orientados a não entrar com suas forças militares dentro da cidade e eram acompanhados por um participante do governo, de índole religiosa, que lhes dizia" memento mori ",que os fazia lembrar que também eram mortais, e deviam se despir das vaidades.

Napoleão conquistou quase a totalidade da Europa e não satisfeito saqueou o Egito, pois tinha fixação em sua cultura e arte, levando uma expedição até lá e se apoderando de muitos dos seus tesouros.

O Nazismo pregava o terceiro reich, a guerra total e o genocídio. Vitimou milhões de seres humanos e hipnotizou toda uma nação com ideais maléficos e destrutivos. O conflito foi batizado de a grande segunda guerra mundial, com o desfecho da varredura desse ideal macabro, e a criação de uma nova ordem mundial.

A guerra, conforme descrevemos, era um instrumento de dominação e subjugação dos povos, para expansão dos ideais de toda a sorte e significado.

Ainda hoje no século 21, vivemos um estremecimento geopolítico, nunca dantes visto, saímos de outra guerra invisível de aproximadamente 2 anos e meio contra um micro-organismo que ceifou aproximadamente 20 milhões de vida até agora.

Vimos esforços conjuntos envidados de todos os países, contra a Pandemia de Covid 19.Estratégias isolacionistas, proteção pessoal, novas drogas e conceitos em seu uso, manipulação do paciente grave com infecções secundárias, suportados por grandes intensivistas e finalmente vacinação em massa e o novo normal.

Agora nosso "relógio do fim do mundo" criado há aproximadamente 70 anos, revela 90 segundos para tal. Uma conclusão que nos deixa estupefatos, preocupados com nosso porvir, nossos projetos, nossas crianças que estão engatinhando neste rastro de estultícia e sangue derramado pelos tiranos sem alma e sem escrúpulos, que se dizem chefes de nações.

A Rússia inconformada com a Perestroika e a Glasnost, aquela, obra que tive a oportunidade de ler, uma peça de paz escrita por Mikhail Gorbachev falando na necessidade de ares democráticos para a Rússia e dissolução de seus ideais imperialistas, assim como do seu território, com autodeterminação dos povos e países que assumiriam sua identidade própria e governo também independente. Ele morreu recentemente, sem nenhuma honra de grande presidente e chefe de estado que foi, pois o que ele pregou é fez é a antítese do monstruoso Putin.

A Europa fornece tanques de guerra para a Ucrânia, notadamente, a Alemanha, e cogita-se o envio de aviões caça. A guerra, termo que Putin se nega a pronunciar, pois fala em uma " operação especial”, está se prolongando pois a Ucrânia é um grande país em território e em guerreiros briosos e patriotas, não querendo perder sua soberania. A região vizinha ao mar negro é a última à ser conquistada por se portuária e de grande interesse econômico. Grandes baixas russas diárias por drones, e armamento pesado se repetem, e vão se avolumar cada vez mais, o governo russo já convoca presidiários para a guerra.

Muitos se negam a participar e se automutilam quebrando seus próprios braços em casa! A OTAN está perigosamente representada por participante que apoiam a Ucrânia de maneira explícita. Uma biógrafa russa de Putin, deu uma entrevista, e disse que realmente ele é capaz de utilizar uma arma atômica tática para intimidar ou " encerrar" o conflito, e é bem verdade que cada vez mais ele se encontra acuado e "provocado" diuturnamente pelos que zelam pela liberdade e democracia. A bomba atômica " tática" uma vez lançada abriria um terrível precedente, batizado talvez de terceira guerra mundial, pela resposta deflagrada de outras potências atômicas .

A melhor solução sempre será o diálogo e o entendimento. A diplomacia foi criada com esse mister, e existem órgãos internacionais como a ONU, que podem convocar um esforço conjunto como reuniões de emergência, e tentar pelos meios pacíficos de entendimento junto aos líderes reais do mundo, uma solução que interessa a todos nós!

O mundo está mais interligado do que nunca, o planeta terra é lindo e majestoso, não há plano B até a presente data de um planeta que reúna condições de vida como o nosso lindo planeta azul. Tudo é cogitação e ficção científica, uma viagem para Lua, para buscar água... uma viagem para Marte só de ida!

E a viagem ao nosso eu, ao nosso coração, à nossa consciência, aos nossos atos, interrompida pelo fanatismo que tantas mortes causou através de tantos séculos.

Essas lições nunca são e nunca serão aprendidas e apreendidas! Nos resta assistir esses que se dizem líderes aniquilando a vida na terra e a própria estupidez deles, que sucumbirá com a profanação de nosso lar.

Vamos todos nos irmanar em orações, que chegarão ao recôndito de Deus, e Ele com sua destra à esquerda e à direita eliminará os inimigos do amor de Cristo, pois como bem diz a sagrada palavra: " A ira é de Deus"! ; Ele nos socorrerá mais uma vez e nos dará um futuro de paz e concórdia, pois é nosso rochedo e fortaleza até a consumação dos séculos! Amém!

 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

NÃO TEMOS QUE RECLAMAR DE NOSSAS LÁSTIMAS! Por: Ronald Teles

 

Dr. Ronald Teles - Cardiologista



Não temos que reclamar de nossas lástimas!

Ele foi o único Deus e homem a pisar sobre a terra que seu Pai criou, para resgatar essa mesma humanidade com o Evangelho do amor, depois do batismo por João Batista que nasceu para revelar os caminhos do Senhor. Escolheu os miseráveis, os aleijados, os leprosos, os infiéis, os assassinos, os endemoniados, os cobradores, os pescadores, os falecidos, os surdos, os coxos, as prostitutas, como testemunhas e obras de seus sinais e milagres.

Os que entenderam seu amor e misericórdia, se renderam a segui-lo e professar sua fé. Nunca pecou, nunca cometeu atos que prejudicassem a ninguém que encontrou, nunca pregou o ódio e a violência, nunca pediu qualquer divulgação de nenhum dos milagres que operou em todos que foram tocados pelo grande poder do Deus filho.

Foi perseguido, ameaçado, aviltado, acusado de feitiçaria, de pauta com forças malignas e até de ser louco por sua própria família. Foi preso, acusado de algo que nunca cometeu ou fez, de ser um insurgente e fanático; condenado pelo Sinédrio judeu que não O aceitava como o Cristo de Deus. Esse sepulcro caiado, lhe enviou a Pôncio Pilatos governador da Judéia, e este ficou intrigado quando Jesus o respondeu que se ele tinha algum poder sobre sua vida, esse poder teria vindo do alto pela autorização de seu Pai.

Foi flagelado, chicoteado, cravaram-lhe uma coroa de grandes espinhos que transfixaram sua pele e sua cabeça, deram-lhe um manto púrpura e o intitularam rei dos judeus. Deram-lhe então uma enorme e pesada cruz que carregou o tempo todo sob açoite, chicotadas ,cusparadas, ofensas e insultos. Ao chegar ao Gólgota, colocaram-no entre dois bandidos.

A crucificação em seu tempo era reservada aos mais vis criminosos. Ergueram o madeiro, com seu corpo dilacerado pelo intenso castigo de seus algozes, que antes pregaram-no na cruz colocando grandes pregos em seus pulsos, e em seus tornozelos.

Sua Santíssima mãe Maria, estava aos pés da cruz, junto com João e Maria Madalena. Perdoou o bom ladrão ao seu lado, que aceitou Jesus como seu Salvador, ao contrário do outro que o ofendeu e insultou. Esteve em um sofrimento torporoso várias horas, e antes de entregar seu espírito, perdoou a todos que o massacraram, o feriram, o desprezaram, o insultaram, o condenaram ao suplício e morte.

Entregou sua alma ao Pai e disse que tudo estava consumado. Às 15 horas houve noite, grande estrondo no infinito. Não quebraram-lhe nem um osso para se cumprir as profecias, mas perjuraram-lhe o lado de onde saiu sangue e água.

Foi colocado em um sepulcro doado por José de Arimatéia. Após o 3° dia ressuscitou, avistado por Maria Madalena. Passou ainda 40 dias na terra, apareceu aos apóstolos, fez Tomé crê-Lo colocando seu próprio dedo em suas chagas, nomeou São Pedro o condutor de sua Santa Igreja e do Cristianismo. Apareceu aos apóstolos descrentes no caminho de Emaús.

Hoje o Cristianismo é a maior religião do mundo, a Santa Bíblia que foi escrita em hebreu, grego e aramaico, é o único livro publicado em todas as línguas do mundo. O maior mandamento que Ele nos deixou foi o amor, ama teu próximo como a ti mesmo, e a teu Deus com toda tua força e alma.

Ele está sentado à direita de Deus pai todo poderoso, compondo a Santíssima Trindade. O Espírito Santo paira sobre a terra, e toca o coração do homem transformando- lo de pedra em carne, nos convertendo ao amor incondicional de Cristo por nós .Quando aceitamos esse amor, podemos finalmente participar do grande  projeto de Deus para nós que é nossa salvação e eternidade em Cristo. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, para todos os séculos sem fim, amém!

Bem-aventurada para todas as gerações sua Santíssima mãe a Virgem Maria!

Intercedei por nós todos os Santos de nossa devoção.

Protegei-nos nosso anjo da guarda!

Iluminados o divino Espírito Santo com seus dons, para nossa conversão e santidade! Amém! ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️

 

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

UMA TARDE NO CINEMA 3 -The Fabelmans - Por: ana margarida rosemberg


Ontem, 18/01/2023, depois de ver nas mídias digitais a propaganda do filme “The Fabelmans” de Steven Spielberg e receber um convite da minha amiga, Beth das Artes, para ver o referido filme, resolvi ir assisti-lo naquele mesmo dia.

Aprendi com o Rose, que devemos escolher o filme pelo diretor. Não tive dúvidas. Spielberg, um dos maiores cineastas de todos os tempos, é um dos meus favoritos. Eclético, ele dirigiu, entre outros: “Tubarão”, “Jurassic Park”, “E.T. – O extraterrestre”, “A Lista de Schindler”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “Amistad” e “A Cor Púrpura”, que consta, em segundo lugar, na minha lista dos 10 melhores filmes.

Por incompatibilidade de horário, não foi possível ir com a Beth, mas tive a amorosa companhia da Janinha, minha filha. Na telona da Sala Vip do Shopping Rio Mar, às 13h30min, o filme explodiu em nossos olhos e, durante 2h30min nos deleitou.

Em “The Fabelmans”, Spielberg, aclamado cineasta judeu de 76 anos, viaja ao passado, revisita sua infância e adolescência nos anos 50 e 60 do século XX, desnuda sua alma sensível e homenageia seus pais e a sétima arte. Em sua história semiautobiográfica, ele utiliza o sobrenome “Fabelman” como pseudônimo de “Spielberg”.

No filme acompanhamos a história de Sammy, (representado criança por Mateo Zoryon Francis-DeFord e adolescente por Gabriel LaBelle) que, aos seis anos de idade, após ser levado por seus pais, pela primeira vez ao cinema, para assistir “O Maior Espetáculo da Terra”,1952, de Cecil B. DeMille, se apaixona pela sétima arte.

Sem dúvida, Spielberg deve seus dotes artísticos aos pais (Leah e Arnold Spielberg), especialmente, à sua mãe Leah (no filme, Mitzi, interpretada magistralmente por Michelle Williams), que, pianista prodígio, mostrou sua arte ao filho. 

Seu pai Arnold (no filme Burt, interpretado por Paul Dano) um expert em tecnologia, também, teve papel importante, no desenvolvimento do cineasta. Juntando o lado artístico e tecnológico, o garoto deu asas à imaginação usando uma “Super 8”.

Produzindo filmes caseiros com as três irmãs, os pais e, na escola, com seus colegas, Spielberg desenvolve sua genialidade. Ao mesmo tempo, descobre que seus pais vivem uma crise insuperável que leva ao divórcio e ao sofrimento da família.

Além disso, vive um drama colegial recheado de preconceitos e violência física por colegas valentões antissemitas. Não podia faltar seu primeiro envolvimento amoroso que termina melancolicamente.

Apesar de tantos percalços, o jovem finalmente encontra a porta de entrada para desenvolver sua brilhante carreira, retratada no filme no breve e nervoso encontro com John Ford (interpretado por David Lynch). Termina, enfim, com o gosto de quero mais.

Por ser um filme de memórias, “The Fabelmans” me remeteu à infância, nos idos da década de 1950, em Baturité-CE. Meu pai, Miguel Edgy Távora Arruda, amante da sétima arte, projetava filmes caseiros feitos por ele com uma super 8, de seus filhos e familiares no famoso “Cine Beco”.

 Assistindo “The Fabelmans” revisitei, com doçura, amor e algumas lágrimas, meu passado em Baturité.

ana margarida furtado arruda rosemberg

Fortaleza, 19 de janeiro de 2023

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

CARDIO-ONCOLOGIA - Por: Ronald Teles

            Dr. Ronald Teles - Cardiologista

                Dedico esta crônica ao meu amigo, Dr. Aurilo Rocha

Entrei no internato da faculdade de medicina da UFC, há 33 anos. Era um rito de passagem, pois iríamos vestir branco, que era o traje habitual de todos os médicos na época, simbolizando pureza e conhecimento aos que o usavam, assim como também passaríamos a usar o estetoscópio, instrumento milenar de ausculta e fundamental na semiologia do exame físico dos pacientes e detecção dos vários sons emanados dos órgãos humanos, como coração, pulmão, intestinos e seus significados clínicos.

Passaríamos também por cada serviço médico do internato como cardiologia, clínica médica, doenças infecciosas e parasitárias, endocrinologia, hematologia; estágio em interiores estaduais que eram os Crutac. Nestes serviços entraríamos em contato direto com os pacientes, que prescreveríamos diariamente, evoluiríamos diariamente, acompanharíamos os exames clínicos, assim como os levaríamos até em outros nosocômios para realizar avaliação propedêutica mais especializada, alheia ao serviço de origem.

Éramos supervisionados pelos chefes de serviço e professores, assim como os médicos residentes do primeiro ano, R1, segundo ano, R2, terceiro ano, R3 de clínica médica, que eram os que se especializariam na rainha das especialidades e mãe da medicina baseada em evidências, a medicina interna. Confesso que me apaixonei pela cardiologia no internato, a clínica cardiológica, o exame físico, a propedêutica, as sessões conjuntas da cardiologia/ cirurgia cardíaca e hemodinâmica, tornavam o ambiente mágico e estimulante.

Naquela época o serviço que mais despertava receio e ansiedade, ela alta complexidade dos pacientes, pelo intenso trabalho diário, pelo drama humano que suscitava, ela grande cobrança tutelada pelos professores e residentes do serviço era a Hematologia. Quando avistávamos no final do longo corredor do velho hospital Walter Cantídio, um professor para a realização da visita diária, nosso coração estremecia, o sistema nervoso simpático predominava através de palpitações, sudorese das mãos e uma quase taquipneia. Notadamente na visita do Dr. Murilo Martins, para nós internos, um deus, para a comunidade médica um" Schollar",livre docente, dono de sua cátedra, com especialização nos Estados Unidos da América, e na época dono do estado da arte na hematologia, conhecendo-a em profundidade e amplidão.

Ele sabia que éramos neófitos na arte médica, mas nos cobrava o cuidado com os pacientes de sua enfermaria de maneira exemplar, nos perguntava sobre os fármacos usados nas quimioterapias, da história e evolução dos pacientes, dos resultados de seus exames recentes e das últimas alterações, assim como traçava as novas condutas diariamente. Lembro-me perfeitamente dele naquela época, com seu longo jaleco branco(que nem se usava ainda nos anos 90) um estetoscópio de tubo amarelo, cabeleira lisa e grisalha indefectível, óculos escuros e cenho sério, personalidade marcante, homem de poucos sorrisos, elegante e competentíssimo e de vasto saber médico.

O serviço também abrigava uma jovem professora Dra. chegada da França, a Dra. Clara Bastos, extremamente gentil, qualificadíssima e competente e nosso querido Dr. Sílvio Furtado, que também ostentava grande conhecimento hematológico foi um dos diretores do HUWC, além de nosso professor querido. Prescrevíamos e evoluíamos nossos doentes avistando nos televisores preto e branco do posto de enfermagem, a guerra do Golfo Pérsico, a primeira beligerância humana transmitida ao vivo, com os mísseis Tomahawk americanos e sua grande coalizão varrendo as linhas inimigas de Sadan Hussein do Kwait. Em 1998, em Washington DC, veria ao vivo esse míssil assim como todas as armas da guerra fria no Museu Aeroespacial.

Na mesma época do internato em hematologia, minha avó amada materna, começou a apresentar estranhas manchas escuras na pele, fez um hemograma e este revelou uma contagem leucocitária exorbitante de 200.000 leucócitos, assim como células anormais denominadas blastos, o que configurava uma possível "reação" leucemóide e uma neoplasia sanguínea de nome leucemia. Foi orientada então a realizar uma punção medular chamada mielograma para distinguir o tipo de patologia leucêmica envolvida e sua respectiva classificação e estratégia de tratamento. O resultado foi uma leucemia mieloide aguda mielomonocítica -M4.

Nessa época minha avó contava 72 anos e não possuía nenhuma comorbidade. Foi rapidamente transferida ao HUWC e ficou sob os cuidados da Dra. Clara Bastos, que a conduziu da melhor maneira possível, com competência indescritível a acolheu com sua humanidade característica, traçando sua estratégia quimioterapia de tratamento. Nós internos começávamos a nos familiarizar com termos como: indução da remissão, consolidação da remissão e finalmente remissão.

O último significava a vitória, nem que temporária sobre o desastre celular incoordenado, a multiplicação patológica e ineficiente das células neoplásicas e do intenso metabolismo energético consumptivo, além das infecções oportunistas provocadas pela própria doença ou até pelo regime quimioterápico. O tratamento tentava varrer de suas medulas e sangue as células leucêmicas, aplasiando a medula óssea que daria lugar às células saudáveis. Essa fase era de grande vulnerabilidade e o paciente era monitorado continuamente, principalmente quanto à febre, sangramentos ou instabilidade cardiocirculatória.

O prognóstico de minha avó que tanto amei e que era uma criatura santa que passou pela terra, por seu coração amoroso e gentileza e carinho com todos, era reservado por sua idade e a classificação de sua leucemia (LMA M4) que era extremamente agressiva e de difícil condução. Ela feneceu 50 dias após o diagnóstico, hoje sei ,de disfunção múltipla de órgãos e sistemas. Sofri a perda duplamente pois a amava profundamente e estava passando pelo serviço de hematologia, o que me provocou imenso peso emocional.

Essa mortalidade que a vitimou mudava a conformação de nossa enfermaria todos os dias e semanas, com óbitos ceifando vidas de todas as idades e sexo, de forma abrupta e por todas as consequências tanto da doença, quanto do tratamento em si. Esse drama humano em sua finitude e sofrimento, conhecendo os pacientes em seus anseios e esperanças, nunca esquecerei. São lições que nos remetem à nossa limitação e pequenez, e nos fazem crer na misericórdia divina espraiada em nossas existências. A Cardio-oncologia, por definição é a especialidade que diagnostica, monitoriza o tratamento oncológico durante e após o mesmo, assim como suas complicações, além de oferecer estratégias preventivas para evitar tais complicações.

A Oncologia avançou de maneira vertical e abrangente nestes últimos anos, há um arsenal terapêutico bem estabelecido para as neoplasias sanguíneas e sólidas, mas há uma preocupação pertinente com as complicações cardiovasculares inerentes a cada tipo de tratamento escolhido. Hoje a doença neoplásica está em segundo lugar no mundo como causa de mortalidade. Em nosso meio os cânceres em primeiro lugar são os prostáticos, pulmonar e intestinal nos homens e o de mama no sexo feminino.

As Antraclinas (doxirrubicina, daunorrubicina, epirrubicina) podem provocar dano cardíaco irreversível, classificado com tipo1,os compostos imunobiológicos como o Trastuzimab, podem provocar dano temporal e reversível, chamado tipo 2. O mecanismo fisiopatológico do primeiro grupo, passa pelo estresse oxidativo, peroxidação lisossomica, sarcopenia cardíaca, necrose e apoptose celulares e redução de células estaminais cardíacas, no segundo grupo, dos imunobiológicos, citotoxicidade e diminuição da expressão do receptor HER cardíaco.

A dose cumulativa das antraciclinas é o principal fator preditor da cardiotoxicidade e seu diagnóstico se faz pela detecção de disfunção ventricular esquerda verificada como diminuição da fração de ejeção do VE e sintomas e sinais clínicos associados com galope ventricular esquerdo e o cotejo sintomático da síndrome. Podem também sobrevir hipertensão arterial sistêmica, coronariopatia, arritmias cardíacas, doenças do pericárdio e fenômenos tromboembólicos, com as mais variadas classes de quimioterápicos e sua diversidade de aplicações sejam em neoplasias sólidas e hematológicas.

 Os principais fatores de risco para a cardiotoxicidade são: Idade (pacientes jovens) sexo feminino, infusão parenteral, dose cumulativa, irradiação mediastinica, doenças prévias como hipertensão e coronariopatia, e distúrbios eletrolíticos do cálcio e magnésio. A avaliação propedêutica é realizada através de ECG, ecodopllercardiograma, ressonância magnética cardíaca e angioressonancia, tomografia e biópsia endomiocárdica.

Hoje dispõe- se de estratégias tanto oncológicas como cardiológicas para minimizar o dano cardíaco. Da parte oncológica o uso dos análogos das drogas naturais das antraciclinas como a EPIrrubicina ou a IDArrubicina que podem ser usadas em titulações mais altas e por maior período sem os colaterais temidos das originais, A " embalagem" lisossomica das antraciclinas que diminuem sua toxicidade, permitem maior permanência no organismo e sua ação direta nos vasos de nutrição neoplásica, assim como as pró-drogas das antraciclinas associadas às mais variadas substancias como peptideos, polímeros ou anticorpos dirigidos ao alvo neoplásico.

O uso dos imunobiológicos por seu potencial de dano menor e transitório, o os imunobiológicos associados à toxinas fúngicas, regimes mais curtos e exclusivos e tantos outros.Os ensaios in vitro com modelos de tratamento também são preciosos e fazem os tratamentos mais seguros e efetivos.

Da parte cardiológica a identificação do paciente susceptível à cardiotoxicidade deve ser cuidadosa e minuciosa, a prevenção, diagnóstico e tratamento de qualquer afecção que possa aumentar o risco de nossos pacientes deve ser implementada, como meta pressórica alvo, tratamento e controle das arritmias cardíacas, tratamento da insuficiência coronariana, correção de distúrbios eletrolíticos, resgate da função ventricular esquerda e acompanhamento tanto de manifestações agudas quanto tardias do tratamento quimioterápico, uma vez que podem se dar em fases remotas pós tratamento.

Existem estratégias antioxidantes preventivas como os hipolipemiantes,os compostos quelantes do ferro,antoxidantes,mas só uma droga oficialmente aprovada com essa finalidade que é o daxrarozane,que tem uso controverso pela provável interferência na eficiência das antraciclinas. Assim como as doenças cardiovasculares, as oncológicas também têm bastante relação com nossos hábitos e estilo de vida e alimentação. O sedentarismo é responsável por muitas patologias, dentre elas a obesidade que é a mãe da inflamação e seus desdobramentos, dentre eles os mais variados cânceres.

O tabagismo responde por 95% dos cânceres de pulmão, o álcool responde por canceres em todo o aparelho digestivo, a dieta desequilibrada rica em carne ,vermelha, defumados, embutidos, sem fibras facilitam os cânceres de cólon, a exposição ao sol inapropriada leva ao câncer de pele, o consumo de alimentos repletos de pesticidas e defensivos agrícolas ( contra esses é difícil lutarmos) pode nos levar à cânceres hematológicos, a fumaça e Co2 dos grandes centros ao câncer de pulmão, Dietas inadequadas perpetuam a bactéria Helicobacter Pylori em nossos estômagos que nos levará ao câncer, se não tratada efetivamente, o uso indiscriminado dos antibióticos vai desorganizar nossa microflora intestinal e pode ocasionar câncer de intestino.

Infelizmente a lista é imensa assim como seu dano temporário ou permanente que levará o indivíduo a um sofrimento curto ou lento e demorado, com tratamento efetivo pela moderna onco-hematologia e sua vida restabelecida ou infelizmente um mau desfecho e seu decesso irreversível. Repensemos nossas vidas, reorganizemo-la no sentido dos bons hábitos, da dieta saudável, do exercício e entreguemo-la a Deus todos os dias.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

BULLYNG - Por: Ronald Teles

 

Dr. Ronald Teles- Cardiologista

Bullying

Minha infância e adolescência foram em um bairro suburbano de Fortaleza; era uma nova assentação humana que albergava inúmeras famílias de bem com jovens famílias que buscavam um local seguro, dotado de uma infraestrutura básica para seu pleno desenvolvimento.

Brincávamos alegremente pelas ruas, com corridas, pega-pega, carimba, adivinhações, jogos iniciais de inocência, mas com intuitos velados amorosos como pera, maçã, uva e " salada mista" que orientava à osculação ruborizada na boca do contemplado ou contemplada. Jogos em campinhos de várzeas que eram cuidados pelos times que lá pelejavam, e tinham seus campeonatos e troféus pagos como tubaínas em bares locais.

Visitávamos amigos e parentes em bairros circunvizinhos sem sobressaltos ou medos de violência, que era embrionária, amadora e sem a deslealdade e crueldade de hoje; naquele tempo a " bandidagem" era mais " romântica" e os meliantes eram conhecidos pelo nome e por sua fama, assim como " especialidade”. A cada temporada uma comemoração; os jogos de Copa do mundo, com ruas enfeitadas de verde amarelo e ufanismo declarado, com famílias inteiras defronte de televisores de tubo, ainda sem controle remoto, mas com emoção desbragada e fogos mis a cada tento do esquadrão canarinho.

No São João buscávamos comprar fogos de artifício e as ruas estalavam com sons variados e o cheiro gostoso da fumaça sinuosa da pólvora. Na adolescência a busca pelos " sons" e tertúlias, para dançarmos " soltos " ou as " músicas lentas”, onde colávamos nossos rostos, corações e corpos aos de moças que consentiam nosso pedido para uma dança.

Era um momento de grande emoção, pois poderíamos ter uma negativa da dança ou até como resultado um beijo roubado de nosso par. O estudo era assunto seríssimo! Os mais abastados estudavam em colégios da aldeota como o Cearense, Santo Inácio, Colégio Militar, Imaculada Conceição ou um novo colégio sito à avenida Barão de Studart que agregava alto nível de ensino e valores cristãos em seu cabedal de conhecimentos, assim como também, era extremamente elitizado e dos " ricos" de Fortaleza; era o Colégio Christus. Inglês, aprendíamos no IBEU, ou cultura Britânica. Os demais moradores do bairro frequentavam o Colégio Redentorista,

O Ginásio Julia Jorge, o colégio Santa Isabel, e tantos outros. Vale dizer que do meu bairro e de todas essas instituições citadas, são egressos grandes médicos cearenses, engenheiros do ITA, militares conceituados, engenheiros de todas as especialidades e formações, advogados renomados, funcionários públicos de grande relevância, Magistrados, Professores respeitáveis, Assistentes Sociais muito qualificados, odontólogos também de excelência, administradores e economistas, enfim nosso torrão periférico, se é que posso assim chamá-lo, deu à nossa sociedade uma contribuição fenomenal com cidadãos de bem e de mente saudável, produtiva e sã.

Quando eu cheguei ao colégio Christus ao início dos anos 80, proveniente do meu bairro ,alheio aos limites da Aldeota e sua elite, fui tratado como um verdadeiro "ET"; a brincadeira começou quando ao recreio me servi de um lanche preparado por minha mãe em casa! Era um verdadeiro ultraje comer um pão com ovo e um suco, pois os alunos do colégio adquiriam fichas, iam na cantina e comiam seus " hot dog" com coca- cola. Era constantemente inquirido se onde eu morava havia índios ou outra civilização, meus" Ki- chute" eram comparados aos tênis trazidos dos EUA pelos pais deles; era um verdadeiro confronto entre subúrbio e Aldeota.

Rapidamente ganhei vários apelidos e os assimilei sem raiva ou mágoa, e tb entrei no clima da brincadeira. Fiz muitas amizades, por minha espontaneidade e leveza, ela alma tranquila e também por ser parente de grandes humoristas cearenses, rebatia as brincadeiras com brincadeiras. Fizemos vários grupos de estudo, nos finais de semana ia para casa de colegas tentar assimilar matérias sempre espinhosas para mim, como matemática, principalmente.

Sempre fui bem colocado na turma, a despeito da bagunça que tb fazia, inclusive com várias idas à " lista negra" de expulsão do colégio ao fim do ano. Como era estudioso e promissor nunca se concretizou tal expulsão. Me distinguia na turma na bagunça, e nos livros, assim como no esporte pois jogava basquete muito bem e pertencia à seleção do colégio.

Ao terceiro cientifico, quando disse que faria o vestibular para Medicina, não fui levado a sério, mas passei na UFC, e muitos dos que me achincalhavam com as variadas brincadeiras, às vezes até insultos, infelizmente não tiveram muito sucesso futuro, se perderam na soberba e em seu universo preconceituoso sem objetivos.

Tudo que passei no Christus, se chama atualmente de "Bullying ", esse neologismo incorporado ao século 21,e à corruptela de nosso idioma português, devassado com tantos outros termos ora em voga, que verdadeiramente " insultam" nossos ouvidos, paciência e inteligência, assim como se fazem vazios de conotação verdadeira, como " fake news", " Bugou", e tantos outros, que nos impedem dizer: Um insulto, uma inverdade, uma mentira, quebrou, houve um problema...

 Na verdade não se pode criar um ser humano em uma bolha. A família que é a nossa primeira igreja, através de seus pais, seus irmãos e até parentes, enfim, têm que ministrar uma educação de inclusão e não de exclusão. O mundo cobra dos seus habitantes novas posturas e novos paradigmas, devemos equipar nossos filhos com tudo que possam sorver para ter um pensamento digno, retilíneo, mas com flexibilidade e resiliência, para não se vitimarem por qualquer fato em suas vidas, para não se acharem " cotistas" do preconceito que não resvala em nenhum preconceito, de uma simples brincadeira coloquial.

Não cultivemos mentes doentias, escravas de modismos, afetadas por neologismos, por " parêntesis" e exclamações por fatos banais do dia a dia. Não façamos nossas crianças mais doentes do que já estão, se suicidando, porque foram " canceladas" em mídias estúpidas de grupos.

Nossos costumes, nossa sociedade, nossos pensamentos e conceitos estão passando por uma crise que precisa e deve ser cuidada e também combatida com o bom combate. Diz Jesus, na Epístola de Paulo aos romanos:" A minha graça te basta, minha força se aprimora nas tuas fraquezas" Que maravilha diz nosso Salvador! Em nossas fraquezas, em nossos sofrimentos, em nossa nudez espiritual Ele chega e nos resgata e mostra o caminho certo! Façamos da dor nossa força para nossa salvação e esqueçamos tantas coisas sem importância e que levam à destruição da mente e do corpo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

FINITUDE - Por: Ronald Teles

 

Dr. Ronald Teles-Cardiologista

Finitude

 O destino de toda criatura viva que habita a face terrestre, seja de sua fauna ou flora é o mesmo, através do tempo, que na verdade é uma invenção humana, pois o intervalo da vida, não existe, posto que é um continuum, e esse parâmetro pré-determinado, simplesmente reflete o nascer e o morrer.

Na verdade, quando nascemos, já está definida uma contagem regressiva ao nosso decesso, que reflete tão somente o envelhecimento celular e a incapacidade de renovação e multiplicação dessas mesmas células e tecidos, determinando o que chamamos de velhice ou senescência, que leva à perda gradual da função, à decrepitude e, por fim, ao suspiro final da vida, e o término da jornada humana sobre a terra.

A morte celular pode acontecer através de dois mecanismos bem distintos, que são a necrose e a apoptose. A primeira tem como exemplo clássico e fisiopatológico isquemia miocárdica, que priva o tecido muscular cardíaco de seu suporte energético básico, que são o oxigênio e a glicose, poderíamos dizer que essa modalidade de morte celular equivaleria à uma morte súbita, assim como também a repercussão imediata sobre o hospedeiro que pode provocar a falência aguda da bomba cardíaca, que padece de uma obstrução crítica de uma grande coronária epicárdica; falamos aqui classicamente do infarto agudo do miocárdio que aniquila 1/3 dos indivíduos em sua primeira hora e é a principal causa de morte no mundo desenvolvido e subdesenvolvido.

Nós homens somos mais acometidos pela moléstia por vários fatores incluindo o genético, mas o sexo feminino fica em condição paritária quando perde a proteção estrogênica na menopausa. A segunda modalidade de morte celular, dita apoptótica, equivaleria a um " suicídio " celular, mas esse seria" programado”, em uma verdadeira implosão de todas as organelas celulares, como mitocôndrias, reticulo sarcoplasmático, lisossomas e tantas outras, que regulam a intimidade celular.

Essa auto aniquilação tem como exemplo clássico a morte celular na insuficiência cardíaca, que reflete uma síndrome caracterizada por agressão continua e atroz ,sob a bomba cardíaca, através de doença isquêmica aguda ou crônica, orovalvopatias, doenças de depósito e infiltravas musculares, taquicardiomiopatias, enfim, uma gama de enfermidades que em última análise vão levar o órgão à uma descompensação que redunda em baixa de sua eficiência, perda de conformidade anatômica e exacerbação neuro-humoral e simpática, que perpetuam a terceira causa de internamento cardíaco e geral em nossos hospitais, principalmente na população mais idosa, tendo como resultado mortalidade de 50%,daqueles que evoluem para a classe funcional 4 da NYHA( New York Heart Association); escala clínica de gravidade desta relevante e cada vez mais prevalente síndrome tão presente em nosso século.

É bem verdade que o arsenal terapêutico clínico atual, realiza verdadeiros milagres na recuperação destes pacientes, devolvendo-os a função cardíaca normal, através do que se chama remodelamento reverso. É importante pontuar que a causa base pode e deve ser tratada através de procedimentos percutâneos, cirúrgicos, eletrofisiológicos, uso de dispositivos de estimulação artificial e em última análise o TX cardíaco que também ja foi muito aprimorado e caminha para o xenoenxerto com coração porcino, geneticamente modificado e menos suscetível à temida rejeição. Na verdade, ainda discorrendo sobre a finitude celular e tecidual, quando morremos, nosso pool de carbono que é o principal constituinte orgânico, vai sendo doado à natureza, se "incorpora "novamente à vida e pode estar presente em vegetais, animais e até em novos seres humanos, que incrivelmente podem ter traços ancestrais.

Classicamente o Carbono 14 é utilizado para avaliar a idade de vestígios da história, dada sua meia vida de mais de 5.000 anos, possibilitando auxílio fundamental na arqueologia e ciência moderna e elucidando mistérios sobre várias peças até mesmo sagradas como o" Santo Sudário “, que envolveu Cristo Jesus após sua paixão e morte, deixando marcas indeléveis do Criador, custodiada como uma das mais valorosas relíquias da igreja católica, e objeto de inúmeros estudos científicos.

É sabido que o Carbono que nos constitui também está presente no espaço, nos astros, estrelas e planetas, que sem sombra de dúvidas transparece a assinatura do Criador sobre todo o universo e sobre nós criados à sua imagem e semelhança. O cosmos e big bang são "sopros" divinos resultantes de uma vontade superior. Nada no universo é um caos, tudo orbita segundo leis físicas e quânticas, há uma organização, uma primazia, mesmo nas milhões de galáxias.

Nosso maior anseio e medo humanos, sem sombra de dúvidas é a morte. Somos programados psiquicamente e neurologicamente a não pensar nela, pois se essa ideia nos acompanhasse diariamente, nossa vida não teria sentido, seríamos reféns de séria patologia mental, e abduzidos de nossos ideais, projetos, e da esperança. Nossa pulsão pela vida está calcada na esperança e ela remete ao futuro. Precisamos de uma programação mental positiva para alcançar nossas realizações humanas, que clamam pela felicidade sentimental, profissional, intelectual, religiosa e tantas outras necessidades até básicas mas que trazem contento e conforto, como matar a sede, a fome e um teto digno para habitar.

Na verdade, tudo que nos referimos até agora passa pela química, ela biologia, ela física quântica, ela ciência médica, enfim por nossa perspectiva enquanto seres vivos, pensantes, dotados de inteligência e de uma capacidade inerente à raça humana que é a abstração. Nos voltando a Deus, podemos vislumbrar uma recompensa inenarrável, assombrosa e lindamente possível que Ele nos ofereceu através de sua vinda à terra dois mil anos atrás.

O maior presente e auspicioso fulcro de esperança para nossa carne que "secará" como a erva do campo ao fim de nossa existência terrena: "A vida eterna de nossas almas ". Esta vida eterna e a maneira de alcançá-la foi revelada por Cristo Jesus através de seu batismo no rio Jordão, onde Ele humildemente veio após sua viagem de Nazaré e recebeu a unção do Espírito Santo em forma de uma pomba branca, e da voz de seu Pai que bradou dos céus que Ele era seu filho muito amado, enquanto João Batista o submergia na água e diria antes que não era digno nem de desatar suas sandálias.

Não há como romancear, questionar ou falsear a história bíblica, ela está assentada pelas mãos de Abraão, Isac e Jacó, pelos profetas do antigo testamento, pelos apóstolos e evangelistas e ratificada através do ministério curto, mas salvador para toda a humanidade de Cristo Jesus. Esse ministério foi puro amor e cura, os milagres ou sinais, estão presentes onde passou, e a doença curada não era só do corpo que sempre perecerá, inclusive do próprio Lázaro, ressuscitado ao quarto dia de sua morte física, já em decomposição; o verdadeiro resgate era do espírito, pois todos por Ele tocados, passaram a segui-Lo e professar sua fé e mandamentos. Essa palavra abre os corações mais duros, os transforma-os de pedra para carne, e é perpassante como a mais afiada lâmina, que atinge a alma dos incrédulos e os faz experimentar a delícia e libertação do amor divino. A morte não existe para as almas crentes em Deus. A finitude contempla toda a obra humana, mas não alcança os corações cativos do Senhor dos exércitos, do Leão de Judá, de Emmanuel.