A Catedral de Reims
Publicado no Jornal do Médico, ano XII, Edição 7, maio-junho 2016, pag 10.
A Catedral de Notre-Dame de Reims, localizada na região de Champagne, é
considerada, ao lado da de Chartres, a catedral gótica mais importante
da França. Foi construída no século XIII no local de uma igreja em que
Clóvis I, primeiro rei dos Francos, ao se converter ao cristianismo,
fora batizado, em 498. A região de Champagne naquela época já produzia
um vinho espumante que séculos depois tornou-se mundialmente conhecido.
A pequena Igreja em que Clóvis fora batizado foi reconstruída, em 816, a
fim de abrigar a coroação dos reis da França. Em 1211, iniciou-se a
construção da nova catedral que levou 300 anos para ter a aparência que
tem hoje.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a catedral foi duramente atingida por
300 bombas e somente em 1937 a mesma foi totalmente restaurada.
Como se apresenta hoje, a Catedral de Reims é uma das maiores obras
arquitetônicas e religiosas da humanidade.
Joana D’Arc, a heroína protetora da França e grande líder na expulsão
dos ingleses do território francês, esteve presente na coroação de
Carlos VII, na referida Catedral, em1429. Do século X ao século XIX,
trinta e dois reis foram coroados na Catedral de Reims.
Na dinastia francesa capetíngea (987-1328) foram construídas oitenta
catedrais e quinhentas abadias, na França, sendo a de Reims uma delas.
Em 1210, um incêndio a destruiu, mas a mesma foi reconstruída.
Na fachada da Catedral de Reims, ao contrário de outras catedrais em que
o tema é o juízo final, pode-se ver o alegre tema da coroação. Na
galeria dos reis, bem no centro, está Clóvis, símbolo da união entre a
Igreja Francesa e a Monarquia, esculpido nu dentro de um barril, ou
seja, uma pia batismal. Ele se converteu ao cristianismo graças à sua
esposa, a rainha Clotilda, uma cristã devota.
No pórtico da fachada oeste da catedral está explícito para os fiéis
franceses da idade média, que os reis da França como os reis de Judá
tinham o direito de governar concedido por Deus, desde que fossem
coroados em Reims. Na galeria dos reis, podemos ver Clóvis acima de dois
reis de Judá sendo ungidos: o rei Davi e o Rei Salomâo. Clóvis foi
ungido em 498 com óleo trazido do céu por uma pomba, acreditavam os
franceses da Idade Média. Quando Carlos Magno foi coroado, em 814, o
arcebispo mergulhou uma agulha no mesmo frasco para retirar uma gota
sagrada. Em 987, Hugo Capeto, o primeiro rei da dinastia Capetíngea,
também, foi coroado em Reims. Em 1237, São Luiz foi coroado com outra
gota de óleo sagrado de Clóvis, antes de pousar a flor-de-lis de ouro em
sua cabeça e entregar-lhe o cetro e a espada de Carlos Magno.
Fugindo a regra, Napoleão I foi ungido em Notre Dame, em Paris.
Sente-se ao adentrar na Catedral de Reims a paz e o êxtase que os fiéis
medievais experimentavam.
Ana Margarida Arruda Rosemberg
Paris, junho de 2016
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