O bom humor do
professor
Encontrei a
dra. Teresa Gonçalves na Praça das Flores, que a minha nora valenciana gosta de
chamá-la “Plaza de los Gatos”. Em verdade trata-se do Bosque Eudoro Correia,
nome de pia, agora denominado Praça dr. Carlos Alberto Studart pelo poder
patrocinador da reforma. Contudo, continua sendo o hábitat dos felinos
abandonados, costume que não macula o aprazível logradouro.
- Como está
o professor? – perguntei à filha.
- Está
indo... – respondeu a colega, completando a informação com os movimentos de pronação
e supinação do antebraço, que exprime por gestos o “mais ou menos” na linguagem
das mãos. – Por coincidência, hoje ele está completando 95 anos.
Enviei-lhe
minhas felicitações pelo aniversário natalício e continuamos a caminhada, ela
no sentido trigonométrico da praça. A imagem do notável professor Geraldo
Gonçalves não me abandonou a cabeça. Enquanto caminhava, transportei-me
mentalmente ao tempo de estudante da faculdade de medicina, início da década de
1970, quando veio à memória um causo engraçado.
Estávamos em
aula prática no ambulatório de reumatologia do Hospital Universitário, quando,
inesperadamente, um colega atarantado chegou e se dirigiu ao mestre que
examinava meticulosamente as articulações do paciente.
- Professor,
o senhor sabe onde está o Gato?
- Não sei de
gato, não! Eu não sou gato, portanto, não tenho filho gato! – falou em um forçado
tom severo, via-se logo, figurando rancor na fala.
O colega
atarantado foi tomado de grande surpresa com a reação do pai do Gato. Pediu
desculpas, e muito vexado, saiu da sala imediatamente. Logo em seguida, o prof.
Gonçalves, que se fazia de carrancudo, não se conteve e abriu um largo sorriso.
O bom humor era-lhe uma das virtudes.
Ainda hoje,
os colegas de turma recorrem ao famoso epíteto para melhor identificar o dr.
José Eduardo Gonçalves, que tinha, para sua glória, uma continuada tosse de
cachorro.
Tanta saudade, e lá se vão 46 anos!
Sebastião Diógenes
08 de julho de 2016, 19h.
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