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segunda-feira, 30 de junho de 2014

POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - EXPIAÇÃO DA PRAÇA PORTUGAL

 
Dra. Celina Côrte - Médica e Presidente da Sobrames-CE


EXPIAÇÃO DA PRAÇA PORTUGAL

Publicado no Diário do Nordeste  29/06/2014


Tenho verdadeira paixão por praças e parques. Em meu imaginário, ainda mora a praça de minha infância, ocupando duas quadras, com direito à fonte luminosa, coreto, esculturas, figueiras enormes, canteiros floridos e os caminhos tortuosos, bem pavimentados, onde eu brincava e minha imaginação liberta voava... Ela continua lá, do mesmo jeito, preservada, limpa e linda, habitada pela população, bem no centro da cidade. Praças e parques humanizam as cidades e lhes conferem um aspecto agradável e refrescante.

Em Fortaleza, as praças e parques têm sobrevida limitada. Não perduram por falta de preservação e segurança, ou passam por repetidas intervenções, na tentativa inglória de modernizá-las. As praças tradicionais nunca saem de moda e acariciam a alma do povo, com suas sombras, os pipoqueiros, as bancas de revistas e a algazarra feliz das crianças. Assim é a Praça Luíza Távora.

Hoje, caminhei pela nova praça onde corre o Riacho Maceió. Um presente que a administração pública entrega ao povo. Resta-nos, porém, zelar por ela e sentir segurança em freqüentá-la. E a Praça Portugal, motivo de contenda entre um grupo de cidadãos e o Poder Público? Há vários anos, ela deixou de ser a praça agradável, aonde cheguei a ir com meus filhos, para se tornar um recanto arborizado, é verdade, contudo sem acessibilidade adequada à população.

Com este comentário, não estou tirando seu mérito como área verde. Contudo, ela perdeu no tempo sua humanidade, face ao fato de pertencer apenas ao olhar e ao coração do povo, impedido de frequentá-la por conta do enorme fluxo de veículos no entorno e insegurança reinante, sob vários aspectos. Jamais seria a favor do projeto da administração pública, se houvesse a intenção pura e simples de destruí-la.

Contudo, não é o caso! Pretendem melhorar a mobilidade urbana e criar pólos arborizados, pequenas praças nos quadrantes laterais, com atrativos para as famílias. Por isso, não rejeitamos o projeto em questão. À população cabe o acompanhamento do projeto e a exigência em relação à preservação e segurança para que a Praça Portugal, subdividida, cumpra seu verdadeiro papel perante todos nós.

Celina Côrte Pinheiro
Médica

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