Total de visualizações de página

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

POR RICARDO PESSOA: O CORPO E O CARTÃO DE CRÉDITO

 

Dr. Ricardo Pessoa - Endoscopista Digestivo 

   O corpo e o cartão de crédito

            Era uma sexta feira a tarde, quando Dr José viu seu celular com 3 ligações e uma mensagem de outro colega dizendo: “assim que puder, me liga”.

        José prontamente atende o pedido do amigo e o telefonou. Era uma solicitação de realização de um procedimento de urgência em um paciente de meia idade, Sr Walker, estrangeiro, que se encontrava com um quadro agudo que precisava ser submetido a um tratamento com brevidade para evitar complicações e diminuir o risco de morte.

        Dr José prontamente montou sua equipe e se encaminhou ao hospital para realizar o ato cirúrgico e aliviar o sofrimento daquele enfermo, sem mesmo perguntar como seria a forma de pagamento já que era um caso de urgência e um pedido aflito de um amigo seu.

        O procedimento foi realizado com sucesso na manhã do sábado, permanecendo o doente na uti por 24 horas, e, na segunda ja se encontrava no apartamento.

        Nesse momento, durante a visita hospitalar habitual, Dr José foi questionado pelo Sr Walker sobre como seria o pagamento, já que o mesmo era estrangeiro e não dispunha de plano de saúde.

        Então, Dr José acertou os valores dos honorários com o inglês sem dificuldade, porém havia uma impasse de como seria realizado esse pagamento.

        Pra surpresa do médico, o paciente pediu a sua esposa, Sra Walker, para pegar sua carteira de documentos no armário do quarto e entregá-lo; assim que a recebeu, sr Walker a abriu, retirou o cartão de credito e o entregou ao médico: “tome, leve para sua clínica, faça a cobrança do valor acertado e o traga quando vier pro hospital amanhã! A minha senha é 1918”

        Dr José ficou estupefato com essa atitude do Sr Walker e retrucou logo em seguida: “não, Sr Walker, não posso levar seu cartão com sua senha!”

        Para surpresa de todos que estavam no quarto do hospital, Sr Walker justificou sua atitude: “Dr, o senhor me operou, eu confiei no senhor e lhe entreguei o meu corpo! Leve-o”

       

       

       

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

POR RONALD TELES: CICATRIZES

Ronald Teles: Cardiologista

Cicatrizes

Quero derramar minhas cicatrizes junto às tuas,
Para que o sangue que as lavou,
Marque nosso único momento,
Onde nos encontramos em júbilo e sofrimento,
Das dores que nos unem e também separam,
Das dúvidas que brilham em nossos olhos,
Como que dissessem outrora nada,
Mas com respostas claras,
A tudo que estremece nosso ser,
Que nossas cicatrizes se unam,
Para as batalhas do porvir,
Não abalando nossas dias,
Pois nós dois estamos aqui,
Defronte um  do outro,
Recolhidos em nosso tempo,
Talvez um pouco lento,
Mas sábio, em nos dizer,
Que venceremos o mundo,
Embora o amargor do tempo e das horas,
Diga muitas vezes: Não!
Mas nossas almas dançam em plagas calmas,
Em uma melodia suave,
Que invade nossos corações,
E mais uma vez nos lança,
Na eternidade de nossos desejos,
Que agora são um só,
No encontro de nosso beijo.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

CONVITE


A Diretoria da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Ceará, convida a todos para o lançamento de "PISCAR DE OLHOS", a 43º antologia da Sobrames-CE. 


Local: Centro de Eventos do Ceará
Data: 10 de outubro de 2025 (sexta-feira)
Horário: 17 horas 

 

POR RONALD TELES: SAUDADES

 
Dr. Ronald Teles - Cardiologista

Saudades


Visitei uma cidade antiga 
Arrebatada pelo tempo ido,
Que se fez nova em um lampejo,
E de repente me pôs em lágrimas,
Quedei- me de arrependimento,
Pois voltei ao passado;
A nostalgia que maltrata,
Corrói o espírito,que se descontrói em lástimas,
Suspirando por um alento,
Acolhido na complacência da calma,
Sabendo que visitar o que se foi,
No chão não resolvido das angústias,
 É  um clamor pelas saudades
Que invadem nossas almas,
De aflições que não mais cabem
Dilacerando nosso ser,
Fragmentos de eternidade,
Reminiscências do tempo
Perdidos em pálidos momentos,
Nos convidando a um novo dia,
Acolhido pelo bom ânimo,
Significando uma nova poesia,
Sonhando tudo que nos projeta à frente,
Motivo para o hoje, o agora e sempre,
vaticínio de um novo amanhã,
 Olhos brilhantes na estação,
Local da nova partida,
Amor para nossas vidas

sábado, 27 de setembro de 2025

Por Ronald Teles - ROSAS

Dr. Ronald Teles - Cardiologista

ROSAS


Me cerco de flores,

De amores perfeitos,

Que brotam do meu peito,

E digo não ao ódio,

Resguardo- me de tua face crua,

Humores ácidos que escorrem de teu ser,

Destarte o bem que recebeste,

De tantos que te cercaram,

Em dolorosas vertigens,

Da tua carne atormentada,

Supliciada pelo tempo, por agudos momentos,

Diante tudo que te maltratava,

Agora aqui estamos,

Juntos novamente,

Aproveita a inocência e beleza das rosas,

Que se enchem da graça,

Que vem do alto,

Sem quereres de sol ou chuva,

Brilhando todo o dia,

Com pétalas suaves e molhadas,

Pela brisa e gotas lacrimosas,

Felicidade que não demora,

Mas não te diz nada,

Para que então um dia pressintas,

Que necessitas desta mesma graça,

Liberdade para tua alma

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

POR REBECA DIÓGENES: O TEMPO DAS HORAS E O FIM DO MUNDO

Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina  

O Tempo das Horas e o Fim dos Mundos

Antigamente, a vida corria no compasso dos sinos da igreja e do apito do trem. O dia começava com o galo, terminava quando o sol se escondia, e o mundo parecia imenso e ao mesmo tempo simples. As conversas aconteciam na calçada, o tempo era medido pelo cheiro do café coado e pela rotina das estações. O futuro não se apressava — vinha lento, como chuva anunciada no horizonte.

Hoje, o tempo não cabe mais no relógio. As horas se dissolvem em telas luminosas, e a vida é contada em notificações. Conversamos menos com quem está ao lado e mais com quem está a quilômetros. O mundo, que antes parecia distante, agora cabe no bolso — mas, paradoxalmente, nunca pareceu tão esmagador. Falamos em progresso, mas nos perdemos em algoritmos; corremos contra o tempo, mas sempre chegamos atrasados.

E quanto ao fim do mundo? Talvez ele não venha com trombetas ou fogo dos céus, mas em pequenas doses cotidianas: no silêncio entre duas pessoas na mesma mesa, na pressa que devora o presente, na solidão de quem tem mil amigos virtuais e nenhum ombro real. O fim do mundo pode estar menos no planeta e mais dentro de nós, no instante em que esquecemos de viver como antes — com a calma de quem sabia esperar, com a simplicidade de quem reconhecia beleza no pouco.

Cecília Meireles, em sua delicada sabedoria, já nos lembrava que “a vida só é possível reinventada”. E talvez seja isso: o fim não é apenas destruição, mas o perigo de não reinventarmos a própria existência, de nos perdermos no ruído e esquecermos a poesia escondida nos gestos simples. Quando deixamos de reparar nas flores que nascem sem alarde ou no silêncio das estrelas, é como se começássemos a escrever, em silêncio, o nosso próprio apocalipse.

Talvez o mundo não acabe em explosão, mas em esquecimento. O fim não será um clarão, mas um piscar de olhos. E, quem sabe, um dia ainda olharemos para trás e veremos que o verdadeiro fim começou quando deixamos de olhar o céu — esse mesmo céu de Cecília, sempre aberto, sempre nos lembrando que “o tempo é a minha matéria, o tempo presente, pessoas presentes, a vida presente”.

 

 

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

POR RONALD TELES - TEU OLHAR

 

Dr, Ronald Teles - Cardiologista

Teu olhar


Vi minha vida nos teus olhos,

Refletida em passos frágeis,

Caminhados e postados,

Às  margens de nossos destinos,

Lágrimas escorridas em sussurros,

Pensamentos leves como o vento,

Que assolam em um lamento o passado;

Mas, eis me aqui de novo,

Fitando o sol do teu olhar,

Límpida estrada que me move,

Ao meu interior que tudo pode,

Até mesmo me perdoar,

Quando derramas esta luz dentro de mim,

E recalcitrante ainda erro,

Sabendo que me afasto de ti,

Então me olhas de novo,

E sinto a esperança,

Da paz de uma criança,

Em seu plácido sono,

Sabendo que mais um dia foi vencido,

E antes do sol haver partido,

Habitaste em meu coração