Dr. Sebastião Diógenes: Membro da Sobrames-CE |
Coronavírus
Estamos no tempo da pandemia causada pelo coronavírus,
virose respiratória originada na China. O Covid-19 gosta de fazer suas vítimas
pelos pulmões, principalmente de idosos e de pessoas portadores de
comorbidades. Estou classificado no primeiro grupo, o dos velhinhos, mais
vulneráveis à patogenicidade do vírus. Trata-se de uma tragédia.
Faz
uma semana que iniciamos a quarentena domiciliar, consoante às determinações do
Ministério da Saúde. Encontramo-nos, eu e minha mulher,
confinados em um apartamento de 200 metros quadrados, onde filhos e
netos não põem os pés. Não é a quarentena original de quarenta dias. Ah, se
fosse! É o isolamento cruel que terá a duração de três a quatro meses. Estamos
conscientes do sacrifício. Confiamos na pesquisa científica e nos estudos
epidemiológicos. E em Deus, é claro!
Quanto
ao tempo ocioso, que jamais fora tão vasto, preencho-o com as leituras e
releituras de clássicos. Reencontrei-me, nesta primeira semana, com Machado de
Assis e Lima Barreto, ambos geniais. Estou conhecendo a “Servidão humana” de
Somerset Maugham (presente do PHS Leão). Quando a vista cansa com as letras miúdas,
entram na parada do ócio os bons filmes do passado e do presente. Já assistimos
ao memorável “Doutor Jivago”. Na lista
de espera encontram-se “E vento levou”, “Ben-Hur” e outros.
Para mim, uma boa maneira de ocupar o
tempo tem sido o hábito de escrever. Qualquer coisa serve! O diabo da pandemia, digo melhor, o isolamento
por ela imposto, tem me despertado a memória com as recordações do meu passado
nosológico. Sarampo foi a minha primeira experiência dolorosa de quarentena. Longe
de casa, a segregação me marcou a alma de forma indelével. O lado positivo daquele martírio na infância me
rendeu, por esses dias, a produção de um texto. Publicá-lo-ei na Antologia da
Sobrames 2020. Desculpem-me a mesóclise. É que o futuro do presente repugna a
ênclise. Dessa forma, justificam os gramáticos.
Abraço a todos.
Sebastião Diógenes.
20-03-20