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segunda-feira, 23 de março de 2020

POR SEBASTIÃO DIÓGENES: Coronavírus

Dr. Sebastião Diógenes: Membro da Sobrames-CE


                   Coronavírus
       Estamos no tempo da pandemia causada pelo coronavírus, virose respiratória originada na China. O Covid-19 gosta de fazer suas vítimas pelos pulmões, principalmente de idosos e de pessoas portadores de comorbidades. Estou classificado no primeiro grupo, o dos velhinhos, mais vulneráveis à patogenicidade do vírus. Trata-se de uma tragédia.
Faz uma semana que iniciamos a quarentena domiciliar, consoante às determinações do Ministério da Saúde. Encontramo-nos, eu e minha  mulher,  confinados em um apartamento de 200 metros quadrados, onde filhos e netos não põem os pés. Não é a quarentena original de quarenta dias. Ah, se fosse! É o isolamento cruel que terá a duração de três a quatro meses. Estamos conscientes do sacrifício. Confiamos na pesquisa científica e nos estudos epidemiológicos. E em Deus, é claro!
Quanto ao tempo ocioso, que jamais fora tão vasto, preencho-o com as leituras e releituras de clássicos. Reencontrei-me, nesta primeira semana, com Machado de Assis e Lima Barreto, ambos geniais. Estou conhecendo a “Servidão humana” de Somerset Maugham (presente do PHS Leão).  Quando a vista cansa com as letras miúdas, entram na parada do ócio os bons filmes do passado e do presente. Já assistimos ao memorável  “Doutor Jivago”. Na lista de espera encontram-se “E vento levou”, “Ben-Hur” e outros.
Para mim, uma boa maneira de ocupar o tempo tem sido o hábito de escrever. Qualquer coisa serve!  O diabo da pandemia, digo melhor, o isolamento por ela imposto, tem me despertado a memória com as recordações do meu passado nosológico. Sarampo foi a minha primeira experiência dolorosa de quarentena. Longe de casa, a segregação me marcou a alma de forma indelével.  O lado positivo daquele martírio na infância me rendeu, por esses dias, a produção de um texto. Publicá-lo-ei na Antologia da Sobrames 2020. Desculpem-me a mesóclise. É que o futuro do presente repugna a ênclise. Dessa forma, justificam os gramáticos.
Abraço a todos.
Sebastião Diógenes.
20-03-20


A conselheira do Jornal do Médico®, e vice-presidente da Sobrames-CE, Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, esclarece sobre os cuidados contra o COVID-19.

💻 *Assista e Compartilhe* https://youtu.be/TWlPp9fVxM

*Previna-se, esse cuidado é de todos!*


Campanha do Jornal do Médico®️ contra o coronavírus, traz o vídeo do ex-secretário de saúde, professor universitário e presidente da Sobrames Ceará, Dr. Arruda Bastos, esclarecendo sobre a pandemia 

💻 *Assista e Compartilhe* 

🙅🏼‍♂🦠❌ *coronavirus*

*Previna-se, esse cuidado é de todos!*

Diário de uma quarentena (3º dia)


Por Arruda Bastos
Depois da tempestade vem a bonança

Não é mesmo fácil levar esses dias de quarentena. Qualquer espirro ou tosse já é uma preocupação. As notícias também não ajudam muito e a preocupação só aumenta dia a dia. Mesmo assim, temos que levantar a poeira e dar a volta por cima e levar a cabo nossas tarefas diárias, pois, assim, conservamos um pouco de saúde física e mental.
Aqui em casa, a preocupação é dobrada. São seis médicos, contando comigo, duas filhas, um filho e dois genros. Uma parte deles envolvida diretamente na guerra conta o Coronavírus. Eu, por outro lado, e por pertencer ao grupo de risco, estou de quarentena, tentando fazer a minha parte que é continuar a orientar o maior número de pessoas.
Minha filha caçula e seu esposo, ambos advogados, também estão de quarentena em home office. Minha nora, tratando de entreter minha netinha mais nova, também está na paz do seu lar. Seu marido, meu filho mais velho, tem dado sua contribuição como médico contra a pandemia. Ainda, tenho uma filha grávida que também se ocupa de distrair meu netinho, que agora começou a falar, fazendo o seu papel de isolamento social. Seu marido, também médico, tem se doado muito nessa luta. Há ainda meus dois netos um pouco mais velhos, de 7 e 5 anos, com minha outra filha, que faz de tudo para entretê-los enquanto o marido, meu genro, vai corajosamente para o plantão.
Digo que tenho duas preocupações: uma com a Covid-19 e a outra com o cuidado com o psicológico nesse momento de tamanha dificuldade. Temos que ser fortes para enfrentar juntos tudo que ainda há por vir. Não podemos nos deixar abater pela tristeza e desesperança. Desde pequeno, tenho na memória um chavão antigo que minha saudosa mãe dizia “depois da tempestade vem a bonança”.
Como sei que muitos nesse momento não estão interessados em ler textos que não dizem respeito ao Coronavírus, resolvi no dia de hoje gravar um vídeo de orientação de como passar pelo isolamento social mantendo o corpo e a mente em atividade. A produção e o astro principal, como não poderia deixar de ser, foi este escritor. Para minha surpresa, Marcilia se revelou uma exímia diretora e camerawoman.
No que avancei também, e aconselho a todos, foi na definição de um horário para as chamadas de vídeo para grupos de familiares ou amigos. O resultado é muito bom quando olhamos nos rostos das pessoas que amamos e não só ficamos nas letras frias das mensagens e na voz sem calor dos olhos e lábios a falar. Experimente você também!
Continuo recebendo muitas mensagens pelas redes sociais sugerindo novas atividades. Hoje, com minha performance de Hollywood, não vai ser possível avançar. Nos próximos dias, prometo que vou incrementar e realizar a excursão proposta para fazer pelo apartamento a oficina de organizar as roupas dos armários e gavetas.
Gostaria de ter ficado na linha de frente, como sempre estive na minha vida, mas, infelizmente, como faço parte do grupo de risco com 65 anos e algumas comorbidades, não foi possível. Estou contribuindo na retaguarda e na medida das minhas possibilidades. Se for convocado, não tenha dúvida que entrarei na guerra. Enquanto isso, nossos jovens guerreiros estão na trincheira por nós, e nós estamos em casa por eles.
Fico agora aguardando os comentários do vídeo que vou postar conjuntamente com a crônica de hoje.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 3. 

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE).

Diário de uma quarentena (2º dia)



A imagem pode conter: uma ou mais pessoas


Por Arruda Bastos
O tédio, o vento e a rede na varanda.

Continuamos no nosso isolamento social e digo que a animação do primeiro ficou um pouco prejudicada com as últimas notícias da doença no Ceará: o crescimento do número de casos e a constatação da transmissão comunitária. Informações estas que reforçam ainda mais a importância de ficar em casa nesse momento.

Como no dia anterior, acordei cedo, mesmo após ter dormido muito pouco preocupado e tentando maquinar uma forma de manter toda a família, mesmo que em casas diferentes, no isolamento e com segurança. Acho que meu plano deu certo e a opinião desse velho marinheiro foi levada em conta.

Vocês que são pais, não podem se furtar de interferir quando necessário na vida dos filhos ou dos membros mais novos da família. Mas isso é tema para outra crônica, pois, como escrevi no dia de ontem, vou tratar aqui só de orientar a forma de vencer o tédio do confinamento.

Depois de sacudir a poeira, tratei de colocar os músculos em funcionamento com a tradicional caminhada do dia pelo apartamento. Por volta das 8 horas e 30 minutos, pela primeira vez, ministrei minha tutoria via aplicativo Hangouts. Foi uma alegria rever meus 09 alunos do curso de Medicina do 4º semestre da Unichristus, mesmo que por chamada de vídeo.

O Marcos e a Victória entraram depois, deixando transparecer um pouco de sono. A Liana foi a primeira, com muita disposição. Em seguida, chegaram Helena, Erika, Ana, Mariella, Thais e Lana. Ainda bem que todos compareceram demonstrando saúde e boa disposição para discutirmos os passos do PBL do caso do professor Ronado, fratura do idoso.

Nós, professores, temos uma responsabilidade muito grande e, nesse momento, devemos manter nos nossos alunos a esperança de que tudo vai terminar bem e de que, com o esforço de todos, eles não vão perder o semestre. Na terça, voltaremos à tutoria e, nas próximas noites de quarta e sexta-feira, vou iniciar as aulas para o 8º semestre do curso de Enfermagem.

Seguindo o roteiro, depois voltei à praia frequentando a varanda mais ensolarada do meu apartamento. Digo que o astro rei, com seus raios brilhantes, levantou de vez a minha moral. Experimente você também, pois é um santo remédio.

Revigorado, chegou a hora de outra novidade: fazer o meu programa “Saúde em Dia” na Rádio Assunção AM 620. Trinta minutos de muita informação. Meu gogó aguentou bem o novo esquema utilizando uma linha telefônica.

Depois do almoço, dei uma olhada na lista de atividades e descobri que não tinha continuado nenhuma tarefa de manutenção da casa, iniciada no dia anterior. Resolvi, então, que por absoluta falta de tempo, os consertos ficariam sobrestados para o dia seguinte.

Acho mesmo que as 24 horas do dia já não comportam as mesmas atividades todos os dias. Vou ter que revezar e fazer uma escala, dependendo do seu número.

Por volta das 15 horas, uma leve brisa me lembrou de olhar para a companheira que sei que vai me acompanhar durante todos esses dias, além da minha amada Marcilia, é claro. Ela estava a se balançar na varanda com os ventos oriundos do mar, como a me convidar para deitar. Não sei o que pensaram, mas estava me referindo apenas a minha rede da cor azul do céu.

A tarde sempre é mais difícil, pois o vento e a rede são um convite para a preguiça. Depois de aproximadamente uma hora, retomei as tarefas com a leitura diária e o tempo dedicado a escrever essa nova crônica. Ainda no início da noite, realizei a minha conferência com os filhos, genros e nora utilizando o mesmo aplicativo das minhas aulas.

Tenho recebido (e por elas sou grato ) muitas mensagens pelas redes sociais sugerindo novas atividades. Nos próximos dias, prometo que vou incrementar. Para começar, minha filha Lívia, de forma cronometrada, passou um roteiro de uma excursão pelo apartamento até com tempo livre para ouvir música, bater papo e realizar uma oficina para organizar as roupas dos armários e gavetas.

Aproveite a sua casa, esse isolamento ajuda a perceber como é bom estar na sua morada e apreciá-la com gratidão. Vamos aproveitar!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 2. 
#FiquemEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE).









Diário de uma quarentena (1º dia)


Por Arruda Bastos
O início de uma longa travessia.
Estamos no dia 19 de março de 2020 e, pela primeira vez na minha vida, e sem dúvida na da grande maioria da população mundial, vivemos momentos de tamanha gravidade. A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem assustado o mundo, ceifando muitas vidas e infectando aproximadamente 200 mil pessoas, distribuídos em todas as partes do planeta.
O isolamento social é fundamental para retardarmos a transmissão da doença e suavizar o pico da epidemia no nosso país. Conjuntamente com o isolamento, devemos difundir a importância da lavagem das mãos com água e sabão ou, quando não possível, com a utilização de álcool em gel.
A Covid-19 tem como característica tornar extremamente grave a doença em pessoas com mais de 60 anos e portadoras de alguma comorbidade. Como me incluo no grupo, por ter atualmente 6.5 de idade, estou de molho em casa ao lado da minha querida esposa, Marcilia.
Fiz todo esse preâmbulo para chegar ao ponto principal das minhas crônicas que, a partir de hoje, passo a escrever. Vou transmitir a minha experiência de viver todo o tempo do dia entre quatro paredes e, de alguma forma, tentar, com meus escritos, orientar e entreter as pessoas que se encontram na mesma situação. Portanto, não vou falar da doença, e sim de como aproveitar o período de quarentena.
Acordei, como sempre, muito cedo, por volta das 4 horas e 30 minutos da madrugada, e quando ia automaticamente levantar, lembrei que, por muitos dias, teria todo o tempo do mundo para ficar em casa. Fiquei, então, a meditar como utilizar bem o dia e evitar o tédio que se avizinhava.
Resolvi, assim, de chofre, listar uma série de atividades a serem vencidas durante todo o dia. Primeiramente, realizaria um pouquinho de exercício andando pelo apartamento como se estivesse numa praça; depois do café, com mais calma, improvisaria uma praia na varanda para levar sol.
Como até agora tudo era só lazer e sabendo que ninguém vive sem trabalho, resolvi também que montaria um kit de ferramentas para realizar um verdadeiro mutirão de consertos e manutenções em tudo que já há muito tempo clama por isso. Trocar lâmpadas queimadas, regular as portas dos armários, colocar óleo nas dobradiças e muito mais. Sei que minha luta principal vai ser, sem dúvida, combater alguns focos de cupim que teimam em voltar.
Depois do almoço viria a hora do “relax” em uma rede tipicamente cearense na varanda com uma merecida sesta e depois, voltaria à luta de forma lúdica, agora lendo um bom livro e, em seguida, iniciaria meu novo projeto: o de escrever as crônicas “Diário de uma quarentena”.
Não esqueci também de anotar a necessidade de ligar para a família, saber como estão os filhos, genros, nora e netos e de postar no grupo do condomínio e nas redes sociais palavras de estímulo, pois do coronavírus eu já não aguento mais. O excesso de informação e de notícias chega a ser tóxico e devemos ter cuidado com a nossa saúde mental.
Minha querida esposa, Marcilia, tem sido uma parceira e tanto. Digo que há muito tempo não tinha oportunidade de ficar tanto com ela e de sentir que é nesses momentos que constatamos a importância do amor e da família. Procure fazer o mesmo na sua casa, rezem juntos e, apesar de tudo, guardem momentos felizes no meio da tempestade.
Sejam responsáveis, fiquem em casa, aproveitem as minhas dicas, façam as suas, roguem a Deus para que, com a interseção de Nossa Senhora, possamos sair dessa pandemia com o menor numero de vítimas e de sofrimento.
Amanhã eu volto com uma nova crônica. Este foi o dia n° 1. 
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE).

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quinta-feira, 12 de março de 2020

XXVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.

Receberemos em Fortaleza, de 02 a 05 de setembro, o XXVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Sobrames. 
O evento internacional acontecerá nas dependências do Hotel Marina Park.
A presidência do Congresso é do médico e escritor Arruda Bastos, que hoje ocupa a Presidência da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Sobrames-CE. 
Inscrições: www.sobramesceara.com.br