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quinta-feira, 27 de junho de 2013

POR: ISAAC FURTADO - V


Dr. Isaac Furtado - Médico e Membro da SOBRAMES-CE
V

Vaia ao V de vingança, aos valores vãos, aos vândalos da vez.
Vaia ao vil metal que vomita vazios.
Vaia à toda violência que vaticina vítimas, e volve revoluções.
Vaia aos vilões do governo que viciados vivem impunes.

Viva ao V das virtudes dos bons!
Viva à democracia que nos une!
Viva aos valores plenos da vida!
Viva para que o melhor seja vindouro!

POR: GERALDO BEZERRA - AQUELA LUA BRANCA QUE ALI ESTÁ



 
Dr. Geraldo Bezerra- Médico e Membro da SOBRAMES-CE
AQUELA LUA BRANCA QUE ALI ESTÁ

1

E uma imensa lua branca

Iluminou tão linda o nosso céu,

Mas não brilhou em vão aquela lua,

Brilhou pra festejar o nosso dia,

Pois hoje, minha amada companheira,

Trintanos completamos de um amor

Que haverá de unir-nos

Por toda a eternidade.



Ainda te vejo jurar emocionada

Que haveria de me amar

Em todos os momentos,

Na saúde e na doença,

Na alegria e na dor...

E assim tem sido, amor.

Não foram poucos os momentos

Que, juntos, nós dois passamos

Ao longo destes trintanos.

Na saúde, foste minha companheira,

Na alegria, sorriste com meu sorriso,

Na dor, quando houve dor,

Foste sempre o lenitivo

De que tanto precisei.

Nas doenças que sofri,

Foste minha enfermeira,

Minha mãe e minha deusa.



Assim, cumpriste sempre o teu papel

E não juraste falso, meu amor.

Tens sido a companheira

Que tanto sonhei ter em minha vida.

Por isto, eu te amo para sempre

Enquanto amar meu peito conseguir.



2

Aquela lua branca que ali está

Me faz entrar em transe e sonhar

E volto eu no tempo e no espaço

E, ao lado teu, muito feliz,

Contemplo outro luar, nosso primeiro,

Jurando amar-te por toda a minha vida.

Ou não é sonho, é nossa verdade?

Quantos luares temos contemplado,

Cada vez mais apaixonados?



É isto, amada,

Aquela lua branca que ali está

É a mesma do nosso luar primeiro,

É a mesma do nosso sempre,

É a mesma da nossa eternidade.

Aquela lua branca que ali está

É o brilho do teu olhar

Quando dizes que me amas.



3

Nunca vai deixar de haver luar...

Sempre vou te ver altaneira

Em forma de luar.

                             

                                  13 de abril de 2006.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

POR: GERALDO BEZERRA - JUSTO PROTESTO DE UM BÊBADO



Dr. Geraldo Bezerra - Médico e Membro da SOBRAMES-CE


JUSTO PROTESTO DE UM BÊBADO


         Jovem médico, trabalhando em Juazeiro do Norte, fui solicitado pelo Dr. Napoleão, da cidade de Jardim, para dar três dias de plantão em seu pequeno hospital, já que o mesmo tinha que se ausentar para assistir, em Recife, à formatura de um filho.

         Fui. Tudo bem, cidade pequena e pacata, quase não tive trabalho, acostumado que era com os plantões movimentadíssimos do Hospital São Lucas, de Juazeiro. Aproveitei mesmo foi para me divertir ouvindo “causos” que me contava um auxiliar de enfermagem, muito conversador. Contou-me de um baixinho que morava bem em frente ao hospital, dizendo que o referido, um dia, tomou um pileque tão brabo que subiu a pequena ladeira, à chegada de sua casa, literalmente engatinhando. Mas não bebeu por gosto, não senhor! Bebeu foi por desgosto e contrariedade por causa da ingrata da esposa – no seu pensar. Foi assim: vivia a tal esposa manifestando o desejo de possuir um conjunto de poltronas e sofá em sua humilde sala. Calado, o pobre homem decidiu surpreendê-la e, no fim do mês, planejou muito mal o destino do seu minguado salário. Em vez da bodega ou do mercado, onde comprar mantimentos, compareceu foi à mais sofisticada loja de Jardim e ali comprou, à vista, o mais bonito conjunto de assentos que uma sala jardinense conheceria. Chegou ao seu lar com a prenda, crente que iria abafar. Qual o quê? Tomou o mais agressivo cagaço da sua vida, até então, cagaço este somente superado em desaforos e descomposturas pelo segundo com que a mulher lhe saudou naquela mesma tarde. Humilde, não respondeu aos insultos da esposa, até por conferir-lhe razão, em face às suas ponderações de que haveriam de se sentar naquelas vistosas poltronas para comer vento ou morrer de fome.

         Voltou com a mercadoria na mesma carroça em que a trouxera e foi tentar desmanchar o negócio. Conseguiu e, então, com menos dinheiro investido, comprou um fogão a gás butano, outro antigo sonho de sua companheira. Quando apresentou a nova prenda, recebeu da sua predileta o festival de desaforos já referidos acima.

         Mais uma vez, conseguiu devolução do dinheiro, mediante a igual devolução da mercadoria adquirida.

         Com seu capital recuperado e o seu brio profundamente ofendido, humilhado que fora por aquela ingrata a quem só quisera fazer um agrado, entrou no mais movimentado bar de Jardim e bebeu cana até colocar sobre o balcão seu último tostão, para pagar a saideira.

         Chegou engatinhando, cheio de cachaça e de razão, bolsos vazios e coração aliviado.

         Desta vez, a desaforada não deu uma palavra, que valentia de esposa tem as horas.

terça-feira, 25 de junho de 2013

POR: JOSÉ WILSON DE SOUZA - PERDIDO NO CAMINHO



Dr. José Wilson de Souza - Médico e Membro da SOBRAMES-CE
                                   PERDIDO NO CAMINHO                                                                                                                          
Estou perdido em teus braços
Não consigo encontrar-me na paz
do lar que sempre busquei.
Estou perdido no caminho de casa.
Estou no meio do caminho
de onde fui aprisionado
nesta prisão que é tua alegria

Fujo quando me sinto liberto,
tu me alcanças e me prendes,
mas quero retornar.
Fico novamente no meio do caminho.
Só, sozinho
sem a paz do meu lar

Quando estou contigo
sinto-me novamente aprisionado
por esta efêmera alegria,
parado sem poder ir
perdido sem poder voltar.

Quando me soltas,
embora eu procure esquecer
nos momentos de refúgio no lar
cada vez mais aumenta o desejo de te encontrar
Que farei?
Ajude-me a encontrar
uma maneira de te esquecer
ou ajude-me a esquecer
esta forma desorganizada de te querer!

(escrita em 1987)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

POR: JOSUÉ DE CASTRO - O ESTRESSE FAMILIAR

 
Dr. Josué de Castro - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

O ESTRESSE FAMILIAR  

 Publicado no Jornal DN, em 23 de junho de 2013.
 
Célula mater, embasada nos princípios biológicos do gregarismo humano, da afetividade e da fraternidade, o Cristianismo consagra a família com suas sublimes

e fecundas vivências. A família é secular e universalmente distinta na sociedade, constituindo base emocional na formação da personalidade com o relacionamento psicodinâmico que se desenvolve entre pais e filhos. É um relacionamento complexo com sentimentos, tensões e conflitos, liberdade, dependência e liderança.

As razões do desalento são várias. Emocionais, econômicas, sociais, culturais e políticas, entre outras estresse conjugal. Quando as famílias estão constituídas regularmente com avós, pais, filhos e irmãos a assistência às crises conjugais torna a união mais sólida. Além disso, a religião exerce um papel importante na união familiar. Atualmente, lideres religiosos são procurados com frequência para aconselhamentos.

A crise familiar determina importantes repercussões na saúde das pessoas. No curso do conflito os membros da família são protagonistas desenvolvendo um variável estado de ansiedade refletindo na educação, no trabalho e na vida social. O desenlace gera um clima psicológico insuportável. Rompido o ciclo da educação pela ausência do pai ou da mãe, a criança ou o jovem fica desnorteado. Se auto-defende expressando um amadurecimento falso na solução dos seus problemas. Atitudes fictícias exibindo conhecimentos não apropriados. Com desordenação emocional. A palavra inglesa stress é empregada em física para designar a soma de forças utilizadas para quebrar uma resistência. Em Medicina o termo foi utilizado pelo médico austríaco Hans Selye como uma reação de adaptação do organismo mediante estímulos diversos como emoções, fadiga, frio e calor.

Os desvios do comportamento com a implementação pela drogas tornam-se incontroláveis, inclusive na área sexual. E angústia da solidão conduzindo ao estado de estresse, e em algumas oportunidades, ao suicídio. Violência, crimes, desvios e experiências sexuais impróprias. Nunca foi tão elevado o índice de morte entre os jovens. Orientamos aos pais observarem nos adolescentes queda brusca no rendimento escolar, comportamento anti-social levando o jovem a isolar-se intensamente. Amigos de procedência duvidosa e hábitos contraditórios aos da família. Sintomas clínicos: tonteiras e vertigens, alegria pueril, crises de choro, abstração e hipomnésia. A liberação das drogas ilícitas seria uma catástrofe com aumento incontrolável da drogadição. Qualquer comprovação, ou mesmo suspeita, do uso da droga pelo filho, os pais deverão agir firmemente, não se deixando envolver por conceitos, os quais subestimam a gravidade do problema.

Em princípio, todo o caso de dependência é extremamente grave, deve-se procurar um especialista experiente e capacitado para orientar e tratar, assim que apareça o sintoma da droga. A equipe clinica deverá ser constituída por psiquiatra, psicólogo e assistente social. Os países adiantados estão desenvolvendo a ideologia com Ministério da juventude em consonância com a família, agilizando uma educação saudável com a correção de distorções do comportamento e das emoções. A família é o cérebro de um povo, regendo seu desenvolvimento e consolidando a estabilidade das conquistas.

As ações do homem devem ser preparadas e encenadas na família, aspirando e desenhando o seu próprio futuro. Reunindo experiências, conhecimentos, afetividade, equilíbrio e felicidade. A família é o caminho da pátria e a luz de Deus quando sagrada. O economista britânico Garry Becker, prêmio Nobel, exalta o valor da família no capital humano com significativa importância no produto interno de uma nação. Devemos primeiro investir na família. Para educar preventivamente na infância e na adolescência modulando uma geração saudável, futuros líderes nas diversas áreas do conhecimento humano. No processo educativo se encontram as maiores falhas. Antes repressão, hoje permissão. Nada disso resolve. Na educação entre o conservadorismo e o modernismo, ficaremos com o primeiro por sua tradição e bases mais inexpugnáveis. Educação, saúde e disciplina. A Violência Urbana se inicia na família, atinge a Escola e se deflagra na comunidade. Estresse familiar, omissão na educação, estresse social com drogas, violência urbana e criminalidade.

Josué de Castro
doutor e professor de Psiquiatria

POR: CELINA CÔRTE - UMA REFLEXÃO

 
Dra. Celina Côrte - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE


UMA REFLEXÃO  

Violência passou de um termo ocasional, utilizado no passado, para algo que exprime com clareza o momento que vivemos em nosso País. Pipocam pelo Brasil diversos movimentos pela paz.

Recentemente, vimos milhares de pessoas nas ruas desta cidade clamando por segurança, através do Fortaleza Apavorada.

Infelizmente, medidas preventivas não foram suficientes ou adequadas, de modo a evitar que a população se sentisse acuada. Como resultado, a violência urbana tomou dimensões tão expressivas a ponto de gerar um movimento que choca pelo próprio nome, que não fala em medo, mas em pavor, uma palavra cuja sonoridade invoca situações vividas em pesadelos.

O movimento é legítimo e todos nós somos sensíveis a ele. Antes, a violência era pouco percebida nas áreas mais nobres da cidade. Mantinha-se presa nos guetos, onde chegava a ser banalizada, por fazer parte do cotidiano de pessoas que viviam em condição sub humana.

Agora, invadiu todas as áreas e passou a incomodar. Daí o grito estupefato diante de uma realidade que nos apavora.

Segurança pública, porém, não se faz apenas com polícia e isto deve estar claro na pauta de reivindicações e na mente das pessoas. A criminalidade que se vê não é o vetor, mas a resultante de pequenos focos de violência acumulada pela falta de políticas públicas sérias e consistentes que proporcionem vida com qualidade.
O saneamento básico, a educação, a saúde e o lazer são peças fundamentais na valorização das pessoas e na aquisição do nobre sentimento de pertença. Por outro lado, a falta desta valorização do ser humano e o sentimento de impunidade facilitam a disseminação do mal.

Movimentos exteriorizados são fundamentais nas mudanças sociais, contudo, o movimento interior, no sentido de percebermos nosso próprio eu e as violências cometidas em nosso cotidiano, também o é.

O ser violento não sai apenas dos guetos, das prisões, dos centros pouco desenvolvidos socialmente. Vive junto conosco nas ruas, no trânsito, no trabalho, na família...

Atentemos a isso e percebamos que o controle desta violência não cabe ao governo.

Está dentro de nós!

POR: VICENTE ALENCAR - ROSA DE CORDISBURGO

 
Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e Divulgação da SOBRAMES-CE
ROSA DE CORDISBURGO

Euclides é de Cantagalo, 
Alencar de Messejana,
Lobato de Taubaté,
Augusto de Engenho Pau D'Arco,
Alvarenga de Vila Rica,
Patativa de Assaré,
Alves de Curralinho,
Varela de Rio Claro,
Veríssimo de Cruz Alta,
Dias é de Caxias,
Amado de Itabuna,
Rubem de Cachoeiro,
Rosa de Cordisburgo.
Que me importa o tempo, o costume?
A era, o barroso, o arcadismo,
o romantismo, nem sei.
A Literatura é tudo isso, 
é poesia, é prosa, é fardo, é volume?
Simbolismo, realismo, modernismo,
tudo isso gira, escreve? É Literatura.
É aluno, é professor, é mestre?
Não doutor, tudo isso é Língua Portuguesa,
É Brasil.
Encontrei uma Rosa.
Em João, em Guimarães.
Nas verdade em Cordisburgo.
Foi alí em Minas.
E por la, Grande sertão: Veredas.
Com Riobaldo mostrando sua odisseia,
vida de jagunço, monólogo bem urdido,
na vingança junto a Joca Ramiro.
Há um pacto como Diabo,
Diadorim em cena, diadorina também.
Mas a vida não é só isso.
Temos "Sagarana",
medicina pelo meio, 
carreira diplomática, Cônsul na Europa,
retorno, muitos escritos, 
uma vida rica em detalhes.
O "corpo de Baile", Tutameia,
Primeiras Estórias; Ave, Palavra.
A Academia, o tempo, o medo do fardão,
o fim.
João Guimarães Rosa nasceu e viveu
no mesmo século.
Nós, vivemos a sua obra.
 
Vicente Alencar
(Da Sociedade de Cultura
Latina do Brasil-Secção CE)

Fortaleza, 02 de maio de 2008.